| Resumo |
A macaúba (//Acrocomia aculeata) é uma palmeira que está conquistando um papel importante para o agronegócio brasileiro devido ao seu potencial de produção de óleos para diversas aplicações. Nesse contexto, para que a produção seja ainda mais sustentável, é fundamental o aproveitamento completo da planta, inclusive do estipe. O estipe está associado apenas ao fim do ciclo produtivo, ou seja, não é gerado continuamente. Porém, caso ocorra uma renovação dos cultivos, será capaz de apresentar um volume significativo de biomassa. Diante disso, este estudo teve como objetivo analisar morfologicamente as fibras e as propriedades físico-químicas do estipe da macaúba e avaliar seu potencial energético. Foram selecionadas duas palmeiras de Acrocomia aculeata// com 16 anos de idade, oriundas de plantio experimental da empresa S.OLEUM, em Viçosa-MG. Discos do estipe foram utilizados para análise de densidade aparente e teor de umidade, enquanto serragens (fração 40–60 mesh) foram usadas para determinar materiais voláteis, carbono fixo, cinzas, extrativos, ligninas e poder calorífico superior (PCS), conforme normas técnicas. A morfologia das fibras foi avaliada com o analisador VALMET FS5, após preparo químico do macerado, analisando comprimento, largura, espessura da parede celular, diâmetro do lume e fração parede. Os resultados obtidos indicaram uma densidade aparente de 582 Kg/m³,o que implica em maior resistência térmica do material. O teor de materiais voláteis foi elevado, com valor de 76,4% favorecendo a combustão por sua volatilização durante os processos térmicos. O carbono fixo apresentou um valor de 22,1%, que pode ser aumentado por meio da pirólise, potencializando o poder calorífico. O teor de cinzas é de 1,5% o que contribui para a redução de problemas operacionais. Os teores de lignina total de 29,8%, com destaque para a fração insolúvel de 28,1% representando maior estabilidade térmica e favorecendo aplicações energéticas. Por fim, o poder calorífico superior em 19,1 MJ/kg confirmando o potencial energético do estipe. Na caracterização morfológica foram observadas fibras moderadamente longas com comprimento de 2,84 mm, largura de 29,16 mm, espessura de parede de 7,06 µm e um diâmetro do lúmen de 15,04 µm. A partir disso, é possível observar que essas características são compatíveis com fibras de monocotiledôneas, indicando heterogeneidade da estrutura anatômica do estipe. Sendo assim, os resultados observados neste estudo revelam que o estipe da macaúba possui propriedades físico-químicas e morfológicas que a avalia como um coproduto com potencial energético. Assim fornecendo uma destinação estratégica e sustentável para o uso completo da planta, minimizando impactos ambientais e maximizando o aproveitamento de recursos. |