| Resumo |
A agricultura representa significativa fonte de emissões de gases de efeito estufa (GEE), tais como CO₂, CH₄ e N₂O, os quais contribuem para as mudanças climáticas globais. Nesse contexto, o cultivo consorciado de espécies arbóreas com plantas de cobertura representa potencial estratégia para mitigar essas emissões, além de promover benefícios agronômicos e ambientais. A macaúba (Acrocomia aculeata) pode ser cultivada em sistemas integrados com diferentes espécies de cobertura vegetal. O presente estudo teve como objetivo avaliar as emissões de CO₂, CH₄ e N₂O em cultivo comercial de macaúba consorciado com diferentes plantas de cobertura nas entrelinhas, localizado na Unidade de Ensino, Pesquisa e Extensão – UEPE da Universidade Federal de Viçosa em Araponga – MG. O experimento foi conduzido em delineamento em blocos casualizados (DBC) com quatro repetições, conforme os seguintes tratamentos: Sem plantas de cobertura – SP; Crotalaria juncea – CJ; Stylosantes cv. BRS Campo Grande I e II – ES; Urochloa brizantha cv. BRS Piatã – PI e Mix Nematóides (mistura de sementes de Pennisetum glaucum cv. BRS 1501, Crotalaria spectabilis, Crotalaria breviflora, Crotalaria ochroleuca e Urochloa ruziziensis) – MX. Após 160 dias da semeadura foi realizada a mensuração dos fluxos de CO₂, CH₄ e N₂O nas linhas da macaúba e nas entrelinhas com plantas de cobertura. No momento das coletas, câmaras estáticas de PVC (15 cm de altura e 15 cm de diâmetro) foram instaladas e coletas de amostras de gases em intervalos de 0, 5, 10 e 20 minutos foram realizadas após a vedação das câmaras. Posteriormente, as concentrações de CO₂, CH₄ e N₂O foram determinadas por cromatografia gasosa acoplada a espectrometria de massas (CG-EM). Os dados foram submetidos à ANOVA e as médias comparadas pelo teste de Tukey (p<0,1). Na área com uso da Urochloa brizantha como planta de cobertura observou-se o maior fluxo de CO₂ (202,73±23,04 mg h⁻¹ m⁻²), e menor na área com Stylosantes (141,87±28,35 mg h⁻¹ m⁻²). Nas áreas que receberam o Mix, a Crotalaria Juncea, e a área de Macaúba sem plantas de cobertura exibiram valores de fluxo intermediários, aos anteriormente citados. Não foram observadas diferenças nos fluxos de N₂O entre as plantas de cobertura (~0,05±0,03 mg h⁻¹ m⁻²). Não foi possível observar um padrão de efluxo e influxo de CH₄. A umidade do solo durante a amostragem (~14,4±2,64%) pode ter mascarado a atividade microbiana por competição microbiana entre metanogênicos vs. Metanotróficos, afetando a dinâmica de CH₄. O maior fluxo observado na área com Urochloa brizantha cv. BRS Piatã - PI pode estar relacionado a maior atividade propiciada pelos inputs de C via raiz. Além dos efeitos iniciais observados até o momento, resultantes dessa entrada de C e da cobertura do solo propiciada pelas espécies, após a deposição das biomassas por ocasião do corte teremos o efeito da biomassa de parte aérea, fazendo-se necessário acompanhar o perfil das emissões ao longo do tempo. |