| Resumo |
INTRODUÇÃO A doença de Chagas, causada por Trypanosoma cruzi, é uma doença negligenciada e um desafio ao Sistema Único de Saúde (SUS) em regiões endêmicas do Brasil, país com 5,4 mil casos em 2024. A fase inicial da doença pode ser assintomática ou com sintomas leves, dificultando o diagnóstico. A padronização de um protocolo de extração de DNA é essencial para garantir a integridade das amostras, permitindo sua utilização em técnicas de biologia molecular que possibilitem diagnósticos sensíveis e específicos. OBJETIVOS Comparar a eficiência entre dois métodos distintos de extração de DNA, visando a padronização de um protocolo barato e acessível para a aplicação em técnicas de biologia molecular e diagnóstico de doença de Chagas pelo SUS. MATERIAL E MÉTODOS Utilizou-se T. cruzi, cepa Y, cultivados em meio LIT no Laboratório de Parasitologia, Epidemiologia e Virologia da Universidade Federal de Viçosa. Foram comparados dois métodos de extração de DNA:1. fervura da amostra a 100ºC, variando o tempo de 5 a 30 min; 2. utilizando o PureLink™ Genomic DNA Mini Kit Invitrogen. A seguir, foram feitos dois testes de purificação do DNA fervido: 1. etanol 96% para precipitação de proteínas; 2. centrifugação a 6000 rpm por 30s. Os sobrenadantes foram coletados e quantificados. A integridade do DNA foi avaliada por eletroforese em gel de agarose 1% e a concentração por NanoDrop, em ng/μL e razão A260/280, para avaliar pureza. A amplificação de sequência específica de T. cruzi por reação em cadeia de polimerase (PCR), confirmou as extrações. RESULTADOS As amostras de DNA obtidas pelo kit, tiveram concentrações de 22,8 a 23,2 ng/μL, e razões de 1,8 a 2,03. As pela fervura, em diferentes tempos, tiveram maior rendimento (70,3 a 166,5 ng/μL), mas pureza inferior (1,3 a 2,24). A eletroforese evidenciou bandas nas amostras extraídas com kit, mas não nas fervidas que, por terem debris celulares, ficam retidas nas canaletas. Na purificação por centrifugação, as concentrações variaram de 69,5 a 101,9 ng/μL, com razão entre 1,90 a 2,14. E, com etanol: 87,7 a 96,7 ng/μL e razões 1,8 a 1,88. Logo, confirma-se que os dois testes são úteis, melhorando a pureza, sem perda de DNA. Como não foi possível visualizar bandas definidas no gel, foi realizada uma PCR com todas as amostras, para confirmar as extrações pela amplificação do DNA, o que ocorreu em todas elas (Kit, fervura e purificadas). CONCLUSÃO A extração de DNA por fervura, associada à centrifugação ou precipitação com etanol, foram suficientes para o aumento da concentração de DNA em relação à extração por kit, com pureza equiparável, e foram satisfatórias para PCR. Assim, a fervura é econômica e útil para o uso do material genético em locais com baixos recursos, permitindo que haja ampla distribuição de métodos de diagnóstico molecular no sistema público. |