| Resumo |
O déficit hídrico é um dos principais estresses abióticos que comprometem o crescimento e a produtividade das plantas em nível mundial. O feijoeiro, em particular, é altamente sensível à seca, o que compromete diretamente seu rendimento. As variáveis fisiológicas e produtivas são indicadores importantes dos efeitos diretos da escassez hídrica. Este trabalho teve como objetivo avaliar parâmetros fisiológicos e produtivos de feijoeiros dos gêneros Vigna e Phaseolus submetidos ao déficit hídrico. O experimento foi conduzido em casa de vegetação, na Universidade Federal de Viçosa. Utilizaram-se sementes de Phaseolus vulgaris L. e Vigna unguiculata L. As plantas foram irrigadas diariamente até os 30 dias de idade. Após esse período, foi imposto o déficit hídrico pela suspensão da irrigação. Após 7 dias de seca, quando as plantas mostraram sinais de murcha foliar e senescência, foram reidratadas e levadas até o final do ciclo. Durante a seca e após a reidratação, foram avaliadas a taxa de assimilação líquida de carbono (A), condutância estomática (gs), transpiração de planta inteira e respiração no escuro (Rd). Ao final do ciclo, foi avaliado o número e peso de vagens e sementes por planta. Os dados foram submetidos à ANOVA e teste de Scott-Knott (P<0,05), com cinco repetições. A seca levou a uma queda acentuada de A e gs em ambos os gêneros em relação ao controle. Este comportamento reflete uma resposta imediata de fechamento estomático, uma estratégia crucial para limitar perdas de água por transpiração. Com isso, Vigna reduziu a transpiração de forma mais rápida, cessando-a quase completamente no quarto dia, enquanto Phaseolus manteve perdas hídricas até o final da seca. Após a reidratação, Vigna retomou rapidamente a gs e a transpiração. Phaseolus, por outro lado, apresentou recuperação mais lenta, com gs próxima ao controle apenas no quarto dia de reidratação. Quanto a Rd, Vigna apresentou uma redução de 63%, enquanto Phaseolus manteve-se semelhante ao controle. Após a reidratação, o Vigna elevou sua Rd em 35%, enquanto o Phaseolus apresentou uma redução drástica de 87% na Rd. Isso sugere que o Vigna adota uma estratégia de economia metabólica, reduzindo os custos respiratórios para preservar carbono e água durante a seca, ao contrário de Phaseolus, que teve maior comprometimento fotossintético e metabólico, com recuperação mais lenta o que afetou negativamente o rendimento final. Tais diferenças influenciaram diretamente a produtividade. Phaseolus teve quedas significativas no número de vagens (48%), sementes (54%), peso de vagens (55%) e sementes (55%). Entretanto, Vigna manteve sua produtividade praticamente inalterada, com rendimento final semelhante ao controle. Conclui-se que Vigna unguiculata apresenta superioridade adaptativa ao déficit hídrico, demonstrando melhor controle estomático, maior economia e retomada metabólica e estabilidade produtiva sob condições de seca. |