| Resumo |
O café movimenta US$200 bilhões/ano e sustenta 125 milhões de empregos no mundo. Apesar da relevância, a produção enfrenta desafios devido às mudanças climáticas, que ameaçam produtividade e rentabilidade. No Brasil, maior produtor mundial, tal produção apresenta um paradoxo climático: emite gases de efeito estufa (GEE) via fertilizantes nitrogenados, combustíveis fósseis e mudanças no uso do solo, mas também remove carbono pela manutenção da cobertura vegetal e manejo conservacionista. Os principais GEE associados à produção de café são o N2O (óxido nitroso), o CH4 (metano) e o CO2 (dióxido de carbono). Quantificar as emissões de GEE é uma etapa fundamental para a sustentabilidade da cafeicultura. Esta quantificação possibilita identificar a contribuição mais significativa para as emissões de GEE, avaliar estratégias de mitigação, reduzir custos operacionais, viabilizar planos de descarbonização e fortalecer a competitividade. A quantificação é realizada mediante inventários. Os inventários de GEE estão alinhados aos ODS 13 (clima) e 12 (consumo responsável). Há uma lacuna na quantificação precisa de emissões de GEE devido à complexidade de metodologias existentes e à falta de ferramentas acessíveis, que limitam a transição para a cafeicultura sustentável. Diante disto, o objetivo deste estudo foi elaborar o esboço de uma ferramenta simplificada de inventário de GEE, democratizando o acesso aos produtores. Tal ferramenta, que será desenvolvida a partir deste esboço, consiste em um app mobile e/ou software com dados de fácil acesso que podem ser preenchidos pelo produtor ou responsável, tais como consumo de fertilizantes, de óleo diesel, de calcário, etc. As emissões de GEE então podem ser estimadas a partir destes dados, utilizando-se das diretrizes do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) adotando-se o GWP-100 AR6 de 2022. A ferramenta segue o seguinte modelo: Aba 1: Identificação da propriedade - Nome; Localização e área (ha) e Produção anual (sacas e kg); Aba 2: Correção e fertilização - Fertilização: Tipo (sintético, orgânico, composto, etc.); Quantidade (kg/ha/ano); Fonte de N (ureia, sulfato, nitrato, etc.) e Quantidade (kg/ha). Aba 2: Correção (calcário, gesso); Tipo e Quantidade (kg/ha); Aba 3: Resultados- Emissões totais (tCO₂e/ano) e (kg CO2e/kg de café/ano); Balanço de carbono (tCO2e/ano) e Comparação na literatura. Como resultados alcançados, as principais fontes de emissão e remoção já foram categorizadas e estão agrupadas conforme o escopo e a fonte, em linguagem clara e acessível, facilitando o acesso aos usuários. A conclusão é que a adaptação de metodologias complexas em ferramentas simplificadas facilitam a obtenção de certificações sustentáveis, a inserção em mercados de carbono e a valorização do café. |