| Resumo |
A produção global de café gera 94% de resíduos, como cascas e polpas. No Brasil, o processamento via seca predomina, resultando em vasta quantidade de casca de café; em 2006, Minas Gerais produziu aproximadamente 1,19x10⁶ toneladas. Este subproduto é rico em nutrientes e compostos orgânicos (57,8% carboidratos, 31,9% fibras solúveis, 9,2% proteínas, 1,3% cafeína, 4,5% taninos e 20% cianidinas), possuindo alto potencial para aplicações industriais. Este trabalho buscou explorar a casca de café como matéria-prima para chá, visando uma bebida sustentável e lucrativa, e promover práticas ecológicas na cafeicultura. Para isso, determinaram-se as curvas de secagem e teor de água de cascas de café Catuaí Amarelo, provenientes de produtores locais e despolpadas mecanicamente. As cascas foram secas em leito fixo a 30°C, 40°C e 50°C, com três repetições. O teor de água inicial foi determinado gravimetricamente e a atividade de água (Aw) com AQUALAB a 25°C. Os resultados mostraram que os teores médios de água de equilíbrio foram inversamente proporcionais à temperatura: 16,26% b.s. a 30°C, 8,45% b.s. a 40°C e 5,41% b.s. a 50°C. O aumento da temperatura acelerou a secagem, com maior eficiência a 40°C e 50°C. A 30°C, a perda de massa foi gradual, estabilizando em 406-408g após 465 minutos. A 40°C e 50°C, a perda de massa acelerou, atingindo estabilização mais rapidamente (362-370g e 360-370g, respectivamente) no mesmo período. O tempo para atingir o equilíbrio foi inversamente proporcional à temperatura. Embora 50°C demonstrasse maior eficiência, temperaturas elevadas podem comprometer compostos bioativos. A atividade de água (Aw) reduziu com o aumento da temperatura, de 0,685-0,8154 a 30°C para 0,4566-0,4939 a 50°C, crucial para inibir o crescimento microbiano e reações indesejadas. A modelagem matemática da cinética de secagem das cascas de café orgânicas indicou que o modelo de Henderson e Pabis Modificado foi o mais adequado para descrever o processo em todas as temperaturas (30 °C, 40 °C e 50 °C). Este modelo apresentou consistentemente os menores Erros Médios Relativos (MREs) entre os modelos com altos coeficientes de determinação (R² = 0,99), atestando sua alta precisão na predição do comportamento da secagem. Conclui-se que a secagem da casca de café é fortemente influenciada pela temperatura, que reduz significativamente o tempo de remoção de umidade. Temperaturas entre 40°C e 50°C mostraram-se eficientes, equilibrando velocidade e qualidade final. A escolha da temperatura ideal é fundamental para a manutenção das propriedades desejadas e a eficiência energética do processo. |