| Resumo |
O queijo Minas Frescal possui alta umidade e não é maturado, apresentando ambiente favorável ao crescimento de microrganismos patogênicos e indesejáveis como Staphylococcus sp. e Escherichia coli, os quais podem causar Doenças Transmitidas por Alimentos. Assim, este estudo teve como objetivo avaliar a qualidade microbiológica, bem como realizar a caracterização bacteriana e o perfil de resistência a antimicrobianos de bactérias isoladas de queijo Minas Frescal. Amostras (n=10) de queijo Minas Frescal, com e sem selos de inspeção sanitária, adquiridas em mercados locais e de produtores familiares foram analisadas. As amostras foram processadas no Laboratório de Microbiologia do Instituto de Ciências Agrárias da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri. Para a avaliação da qualidade microbiológica, 25 g de amostra foram submetidas a diluições seriadas para análises de coliformes totais e termotolerantes, fungos e leveduras, mesófilos aeróbios e facultativos, Staphylococcus coagulase positiva e presença de E. coli. Apenas duas (02) amostras apresentavam selo de inspeção, 90 % apresentaram contagem de coliformes totais > 1.100 NMP/g. Os coliformes termotolerantes variaram de > 20 a 1.100 NMP/g. As contagens de mesófilos aeróbios e facultativos variou de 4,1 x 106 a 8,4 x 109 UFC/g, fungos e leveduras entre 1,98 x 107 a 5,0 x 109 UFC/g. A contagem de Staphylococcus coagulase positiva foi de 7,56 x 105 a 3,3 x 108 UFC/g. Os testes bioquímicos indicaram que 100% dos isolados Gram-positivos eram catalase positivo e coagulase negativo. Dos isolados Gram-negativos, todos eram negativos para catalase, teste de citrato, vermelho de metila, Voges-Proskauer, H2S e motilidade. Quanto à fermentação de lactose, 90% dos isolados eram positivos; desses, 80% produziram somente ácido, e 20% ácido e gás. Na fermentação da glicose, 90% dos isolados eram positivos, com 60% produzindo ácido e gás e 40% produzindo apenas ácido. A amostra Q21 exibiu resultados bioquímicos distintos, sugerindo possível presença de E.coli. Quanto à sensibilidade aos antimicrobianos, 90 % dos isolados Gram-positivos foram sensíveis cloranfenicol e 60% a gentamicina (60%). Além disso, 90% foram resistentes a oxaciclina (90%) e 70% a vancomicina. Para os isolados Gram-negativos avaliados, 90% foram sensíveis aos antimicrobianos amoxicilina com ácido clavulânico e ampicilina. Em contrapartida, 100%, 90% e 80% dos isolados foram resistentes a ceftazidima, cefoxitina e gentamicina, respectivamente. Conclui-se que 90% dos queijos analisados estão fora dos padrões mínimos de segurança, apresentando riscos agravados por microrganismos multirresistentes. Esses dados reforçam a importância da fiscalização sanitária, educação dos produtores e fortalecimento dos serviços de inspeção para garantir alimentos seguros à população.
Agradecimentos: Capes, CNPq, Fapemig e Finep. |