| Resumo |
Os óleos alimentares são fontes importantes de ácidos graxos e influenciam o perfil lipídico sérico. O azeite de oliva é rico em gorduras monoinsaturadas, enquanto óleos vegetais, como o de soja, contêm mais poliinsaturadas. Quando consumidos adequadamente, podem oferecer benefícios à saúde, como ação antioxidante e cardioprotetora. No entanto, diferentes perfis de ácidos graxos podem impactar os níveis de colesterol total e LDL, justificando a investigação sobre seus efeitos lipídicos. Assim, nosso objetivo foi analisar o efeito da variação (Δ) dos ácidos graxos provenientes do consumo habitual de azeite de oliva e óleo vegetal sobre o colesterol total (ΔCT) e LDL (ΔLDL) em participantes de um ensaio clínico randomizado. Este é um ensaio clínico randomizado, duplo cego, controlado com duração de doze semanas. Participaram 65 adultos entre 20 e 50 anos com excesso de peso e gordura corporal, sem comorbidades. Diariamente, eles recebiam um desjejum com biomassa de banana verde ou banana madura (controle), além de dietas restritas em 500kcal/dia. O consumo habitual de óleos, avaliado pelo Questionário de Frequência Alimentar (QFA), e a coleta de sangue foram realizados no início e ao final do estudo. Regressões lineares avaliaram a associação entre a ingestão de lipídios totais (ΔLP), saturados (ΔAGS), monoinsaturados (ΔAGM), poliinsaturados (ΔAGP), ômega-3 (Δω-3) e ômega-6 (Δω-6) e os desfechos cardiovasculares (ΔCT e ΔLDL). As análises foram ajustadas para sexo, grupo, idade, ΔIMC e Δfibras. Valores de p < 0,05 foram considerados significativos. Nos modelos brutos para azeite e óleo vegetal, não foram observadas associações significativas entre a ingestão dos ácidos graxos e os níveis de colesterol total (ΔCT) e LDL (ΔLDL). Após os ajustes, as associações permaneceram não significativas. No entanto, após ajustar pela covariável Δfibras, todos os ácidos graxos mostraram associação negativa e significativa com o ΔCT e ΔLDL, indicando que o aumento no consumo de fibras se associa à redução nos níveis de CT e LDL. Além disso, a idade em ΔLT, ΔAGS, ΔAGM, ΔAGP e Δω-6 apresentou associação positiva e significativa com o ΔCT em ambos óleos estudados, além do Δω-3 no óleo vegetal(p<0,05), indicando que indivíduos mais velhos apresentaram maior aumento no ΔCT. A covariável sexo se associou negativamente com todos os ácidos graxos do óleo vegetal, além do Δω-3 do azeite (p<0,05). Em relação ao LDL, as covariáveis Δfibras e ΔIMC apresentaram associação negativa com todos os ácidos graxos do azeite (p<0,05). Para o óleo vegetal, apenas quando ajustado pela Δfibras houve associação significativa entre a ingestão dos ácidos graxos e a ΔLDL. Apesar da ausência de associações significativas entre a ingestão de ácidos graxos e os níveis de colesterol total e LDL, os modelos ajustados evidenciam a influência de covariáveis. Isso destaca o papel de fatores individuais no desfecho, além da alimentação. |