| Resumo |
Este trabalho tem como objetivo refletir sobre o uso de materiais didáticos na promoção de uma educação antirracista, a partir de uma experiência extensionista desenvolvida na Escola Municipal Anita Chequer, localizada no bairro Silvestre, em Viçosa-MG, com crianças de 6 e 7 anos do Ensino Fundamental I. A atividade consistiu na aplicação de um jogo da memória com imagens de personalidades negras da atualidade, como cantores, atletas, políticos e intelectuais, com o intuito de oferecer às crianças referências positivas em diferentes espaços de poder. O jogo foi escolhido por ser um recurso pedagógico de fácil elaboração, baixo custo e por despertar o interesse lúdico das crianças, sendo adaptado ao contexto escolar. Antes do jogo, realizou-se uma roda de conversa, iniciada com a contação de uma história infantil, para introduzir o tema do racismo. Essa abordagem inicial permitiu que as crianças compartilhassem vivências e discutissem sobre o assunto. Por se tratar de uma turma majoritariamente composta por crianças negras, a maioria relatou já ter vivenciado ou testemunhado situações de racismo. Tais relatos demonstraram consciência crítica revelado por afirmativas como: “o racismo é crime”; “não se deve julgar ninguém pela cor da pele, cabelo ou aparência”; “é preciso corrigir comportamentos discriminatórios quando os percebem em seu entorno”. A experiência evidenciou que, mesmo na infância, as crianças são capazes de compreender o racismo como um problema social que as afeta diretamente no meio em que vivem e contra o qual lutam, diariamente. A atividade também proporcionou à autora, licencianda em Pedagogia, uma compreensão mais concreta sobre como questões complexas e estruturais, como o racismo, podem (e devem) ser tratadas em sala de aula de forma acessível, crítica e transformadora. Promover uma educação antirracista nas escolas é uma urgência, pois o racismo é uma realidade concreta no cotidiano escolar e precisa ser enfrentado com ações pedagógicas intencionais. A partir da prática extensionista, foi possível perceber o potencial dos materiais didáticos como ferramentas na valorização da identidade racial, na desconstrução de estereótipos e na construção de uma escola mais inclusiva e comprometida com a equidade. Essa vivência reforça o papel da universidade na promoção de ações formativas que dialoguem com as realidades sociais e fortaleçam a relação entre ensino, pesquisa e extensão. |