| Resumo |
A compreensão das trajetórias acadêmicas de estudantes dentro das instituições públicas é algo essencial para o desenvolvimento de novas políticas que forneçam melhores condições de permanência para o corpo discente. Para investigar essas trajetórias de maneira adequada, especialmente diante de censuras, a análise de sobrevivência se apresenta como a mais apropriada, embora existam outras abordagens estatísticas. Diante disso, o objetivo deste trabalho foi investigar a trajetória de estudantes da Universidade Federal de Viçosa, utilizando análise de sobrevivência com riscos competitivos. Nesse sentido, o evento de interesse foi tomado como a situação de desvinculação do estudante da UFV por meio de exclusão, desligamento ou abandono. Além disso, as situações de conclusão e mudança de curso foram classificadas como eventos que competem com o evento principal. A variável resposta da pesquisa foi o tempo em semestres até o acontecimento de um dos eventos em questão, considerando as covariáveis centro, raça, ingresso, sexo, vínculo empregatício, filho, renda, local do Ensino Fundamental e tempo desde a conclusão do Ensino Médio. A função de incidência acumulada foi utilizada para calcular a probabilidade de um indivíduo experimentar um evento específico. Os estudantes do Centro de Ciências Exatas (CCE) apresentam maior probabilidade de desvinculação em relação aos demais estudantes e, percebe-se, uma maior incidência de conclusão por parte dos discentes do CCB e CCH. Em relação a covariável sexo, estudantes do sexo feminino possuíram maior incidência de formatura e menor de desvinculação. Quanto a raça, a maior probabilidade de formatura é dos alunos indígenas. Em relação a desvinculação, ambas as raças avaliadas apresentam resultados muito próximos. Na modalidade de ingresso, os estudantes ingressantes pelas políticas de ações afirmativas possuem menores probabilidades de desvinculação e formatura, em relação a ampla concorrência. Além disso, estudantes que pretendiam trabalhar durante o curso tiveram maior incidência de desvinculação e menor conclusão de curso. Comportamento semelhante foi verificado em estudantes que possuem filhos com até cinco anos de idade, em relação aos que não possuem filhos. Sobre a realidade socioeconômica, estudantes que possuem renda de até um salário mínimo tiveram conclusão de curso menos provável em comparação com estudantes com rendas superiores. Por outro lado, esse público experimenta a desvinculação com menor probabilidade do que os demais estudantes. Ademais, estudantes que fizeram Ensino Fundamental todo em Curso Supletivo tiveram maior probabilidade de desvinculação e menor de formatura. Por fim, estudantes que concluíram o Ensino Médio no último ano antes de ingressarem na UFV, tiveram menor incidência de desvinculação, em comparação com estudantes que concluíram o Ensino Médio em anos anteriores. Tais resultados evidenciam a influência de múltiplos fatores sociais na permanência e conclusão de curso. |