| Resumo |
Em janeiro de 2012, as cidades limítrofes de Sapucaia (RJ), especialmente o distrito de Jamapará, e Além Paraíba (MG), banhadas pelo Rio Paraíba do Sul, foram atingidas por um dos mais severos desastres ambientais da região. Enchentes e deslizamentos devastaram áreas urbanas e rurais, resultando em aproximadamente 25 mortes e impactos duradouros na memória e estrutura social das comunidades. Este trabalho tem como objetivo analisar os fatores que contribuíram para a intensidade dos danos, considerando a vulnerabilidade urbana das cidades e a influência do entorno hidroenergético, marcado pela presença de usinas hidrelétricas. A pesquisa busca compreender como a fragilidade no planejamento e na gestão territorial contribuiu para a dimensão trágica do evento, refletindo sobre os riscos associados a desastres naturais em áreas de interface entre infraestrutura energética e zonas urbanas vulneráveis. Destacando-se, nesse contexto, que parte significativa da tragédia ocorreu ao longo da rodovia BR-393, um importante eixo de circulação regional no Sudeste brasileiro, cuja ocupação desordenada e infraestrutura limitada potencializaram os impactos. A análise apoia-se em fontes diversas, como registros cartográficos, documentos técnicos, matérias jornalísticas e relatos de moradores diretamente afetados. O foco recai sobre a relação entre gestão hídrica, a presença e operação de usinas hidrelétricas e os desastres ambientais ocorridos em Sapucaia e Além Paraíba, investigando de que maneira a falta de articulação entre esses elementos agravou os danos, especialmente devido à ausência de mecanismos eficazes de regulação dos fluxos hídricos, ordenamento territorial e mitigação de riscos. O estudo propõe, ainda, uma reflexão sobre a urgência de políticas públicas integradas que incorporem tecnologias sociais e ambientais no enfrentamento dos efeitos das mudanças climáticas, ressaltando a importância de estratégias baseadas em evidências, inovação e participação comunitária, capazes de conciliar segurança hídrica e proteção socioambiental, sobretudo em um cenário marcado pela intensificação e recorrência de eventos extremos. |