| Resumo |
O acesso universal à saúde é um princípio fundamental do Sistema Único de Saúde (SUS), mas ainda enfrenta inúmeros desafios no Brasil, especialmente entre grupos socialmente vulneráveis e em regiões geográficas afastadas. Esta revisão integrativa teve como objetivo reunir e analisar artigos publicados na base SciELO Brasil, entre 2020 e 2025, que abordam as principais dificuldades enfrentadas pelos brasileiros ao procurar serviços médicos, utilizando a metodologia PRISMA para sistematização da busca e seleção dos dados. Seis estudos foram selecionados e revelam um panorama preocupante sobre o acesso à saúde. As barreiras estruturais e sociais são as mais recorrentes. Dados da Pesquisa Nacional de Saúde de 2019 indicam que cerca de 18% dos brasileiros acima de 19 anos não conseguiram atendimento quando necessário, sendo os mais afetados os moradores das regiões Norte e Nordeste, pessoas negras, mulheres, populações com baixa escolaridade e residentes de áreas rurais. Em regiões remotas da Amazônia, como o oeste do Pará, o acesso à Atenção Primária à Saúde (APS) é limitado pela distância física, escassez de profissionais e infraestrutura precária. A pandemia de COVID-19 agravou ainda mais essa situação, especialmente entre mulheres negras de baixa renda, que foram desproporcionalmente impedidas de acessar serviços básicos durante o período mais crítico da crise sanitária. No que diz respeito à satisfação dos usuários com a APS, os estudos apontam que o acesso é mais efetivo quando há boa escuta, agilidade no atendimento, continuidade do cuidado e resolutividade no primeiro contato, fatores ainda ausentes em muitas localidades. Além disso, na atenção ambulatorial especializada, as longas listas de espera para consultas, exames e cirurgias tornam-se obstáculos críticos. Tais filas, quando não geridas de forma transparente, levam à judicialização da saúde por parte de pacientes que não encontram alternativa. Iniciativas recentes como a Política Nacional de Atenção Especializada propõem mecanismos de controle das listas, com critérios de prioridade e monitoramento constante. Os dados analisados convergem para uma conclusão clara: o sistema de saúde brasileiro ainda falha em garantir equidade no acesso. A ausência de profissionais em determinadas regiões, a precariedade na infraestrutura, a burocracia nos fluxos de atendimento e a insuficiência de políticas específicas para populações marginalizadas são os principais gargalos. Superar essas barreiras requer o fortalecimento da APS com investimento em acolhimento, infraestrutura e equipe, bem como a implementação de estratégias eficazes para a gestão da atenção especializada. A garantia do direito à saúde passa pela escuta ativa, presença do Estado onde ele mais falta e gestão eficiente dos recursos públicos. Essa revisão demonstra que o desafio do acesso pleno e igualitário à saúde no Brasil ainda persiste e deve ser encarado como prioridade política e ética. |