| Resumo |
As mudanças no uso da terra representam uma das principais formas de impacto antrópico sobre os ecossistemas terrestres, com implicações diretas na qualidade do solo. Essas mudanças modificam seus atributos físicos, químicos e biológicos, o que torna a avaliação da saúde do solo fundamental. Dessa forma, o carbono da biomassa microbiana (CBM) se destaca por ser um indicador sensível, que é fortemente influenciado pela profundidade do solo. Este estudo teve como objetivo principal avaliar o CBM em dois sistemas de uso da terra, além de investigar a influência da profundidade do solo na biomassa microbiana. A hipótese era que sistemas mais complexos teriam maior CBM, assim como as camadas mais superficiais do solo. A pesquisa foi desenvolvida no Vale da Agronomia da Universidade Federal de Viçosa (UFV), em Viçosa – MG, comparando uma área de sucessão natural (SN) e outra com cultivo convencional de feijão (CF). Amostras de solo foram coletadas nas profundidades de 0-5 cm e 0-15 cm. A determinação do CBM foi realizada pelo método de Irradiação-Extração. Utilizou-se um delineamento inteiramente casualizado em fatorial duplo ( 2 profundidades x 2 usos da terra), com quatro repetições. Os dados foram submetidos à ANOVA e ao teste de Tukey a 10% de probabilidade. A análise estatística mostrou uma interação significativa (p=0,00874) entre os usos da terra e as profundidades do solo nos valores de CBM, o que significa que o efeito da profundidade no CBM muda dependendo da cobertura e uso do solo. Os efeitos isolados de área e profundidade não foram significativos. Na profundidade de 0-15 cm, a área de SN apresentou a maior média de CBM (111,1 ± 8,37 μg/g), significativamente superior à da área de CF (71,5 ± 25,64 μg/g). Inversamente, na camada de 0-5 cm, a área de CF registrou a maior média (110,7 ± 27,82 μg/g), enquanto a SN teve a menor (79 ± 24,04 μg/g). Analisando por área, no CF, a profundidade de 0-5 cm o CBM foi significativamente maior (110,7 µg/g) que a de 0-15 cm (71,5 µg/g). Na SN, a tendência se inverteu, com a profundidade de 0-15 cm apresentando o CBM superior (111,1 µg/g) à de 0-5 cm (79,0 µg/g). Isso sugere que em sistemas naturais, a maior diversidade vegetal e a menor interferência favorecem a atividade microbiana em profundidade, ao passo que em monoculturas, o manejo e a concentração de resíduos superficiais estimulam a microbiota nas camadas mais rasas. Conclui-se que a profundidade e o tipo de uso do solo são fatores cruciais na dinâmica da biomassa microbiana, e a escolha da metodologia e profundidade de amostragem deve estar alinhada com o sistema avaliado para otimizar a compreensão da saúde e qualidade do solo. |