| Resumo |
Introdução: O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um transtorno do neurodesenvolvimento caracterizado por déficits na comunicação, na interação social e por comportamentos repetitivos e restritos. Além disso, é comum que crianças com TEA apresentem atrasos no desenvolvimento motor, o que pode comprometer sua autonomia e participação nas atividades do cotidiano. Nesse contexto, intervenções motoras lúdicas têm demonstrado eficácia como alternativa para promover avanços significativos no desenvolvimento desses sujeitos. Objetivo: Esta pesquisa, desenvolvida no Laboratório de Estudos em Práticas Corporais Inclusivas (LEP/UFV), visa avaliar a eficácia de um programa de jogos e brincadeiras no desenvolvimento motor de crianças com TEA. Materiais e Método: Participaram da intervenção 10 crianças de 3 a 11 anos com diagnóstico clínico de TEA, da cidade de Viçosa-MG. O estudo de abordagem quali-quantitativa, envolveu testes motores e observação. O programa de intervenções teve duração de oito semanas, duas vezes semanais e média de 40 a 50 minutos por sessão. As atividades tomaram como base teoria de Wallon, com ênfase em jogos motores e seguiu os princípios do método LEP, que valoriza estrutura, previsibilidade e reforço positivo, com uso de recursos visuais, como quadros com imagens das etapas da aula e cards com símbolos e reforços visuais a cada tarefa concluída. Antes do início das intervenções, foi realizado um período de nivelamento com três semanas de adaptação ao ambiente, aos profissionais e à rotina, com o objetivo de promover vínculo e segurança da criança em relação ao espaço e ao professor. Inicialmente, todas as crianças participaram de sessões individuais. A partir da quarta semana, quatro delas passaram a realizar as atividades em duplas (Grupo 1), enquanto as demais permaneceram no formato individual (Grupo 2). A Escala de Desenvolvimento Motor (EDM) foi utilizada para avaliação motora pré e pós-intervenção. A análise qualitativa ocorreu por meio de observação sistemática e diário de campo, e a análise quantitativa será conduzida, ao final das intervenções, por estatísticas descritivas e pelo método JT (Jacobson e Truax). Resultados: Enquanto resultados parciais, pode-se observar melhoras nas execuções de habilidades motoras dos participantes como, por exemplo, avanço na motricidade fina em atividades de encaixe, especialmente entre os mais novos, além de maior engajamento nas propostas motoras. Também podem ser identificados ganhos cognitivos, como maior aceitação de regras e comandos, e sociais, com destaque para o grupo que realizou as intervenções em duplas, que apresentou melhoras significativas na socialização e no interesse pelas aulas. Conclusão: Conclui-se que o programa de jogos e brincadeiras pode ser uma intervenção eficaz na promoção do desenvolvimento motor de crianças com TEA, destacando a importância da Educação Física como ferramenta fundamental para o desenvolvimento integral dessas crianças. |