| Resumo |
A organização do espaço físico escolar se configura uma linguagem capaz de evocar sentimentos, provocar comportamentos e potencializar as vivências das crianças, ao passo que também pode dificultar as suas experiências. Um espaço físico que valorize as linguagens das crianças através do brincar possibilita vivências significativas e prazerosas, oportunizando condições favoráveis à construção do conhecimento. Nesse sentido, os arranjos espaciais semiabertos favorecem as aprendizagens das crianças através do brincar em diferentes ambientes e recursos físicos. Mas, é importante saber das crianças quais suas perspectivas sobre o espaço escolar, no qual vivenciam o processo educacional e onde passam a maior parte do dia e da infância. Por isso, o objetivo do estudo foi conhecer as potencialidades da organização física em arranjos semiabertos pela ótica das crianças. Os objetivos específicos foram: conhecer as ideias das crianças sobre a organização em áreas de interesse de sua sala e identificar as potencialidades das áreas de interesse. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética (UFV) com participação de 12 crianças de 5 anos de idade, do Laboratório de Desenvolvimento Humano (UFV). A escolha dessa instituição considerou o espaço físico organizado nas seguintes áreas de interesse: silenciosa, de ciências, de brinquedo dramático, de brinquedo manipulativo, de blocos, de artes e externa. Optou-se pela produção fotográfica pelas crianças e roda de conversa para a construção dos dados. A análise de conteúdo foi utilizada no tratamento dos dados, com objetivo de identificar os elementos recorrentes nas falas das crianças para categorização. As crianças demonstraram compreender o objetivo das áreas e seus recursos relacionando-os aos seus propósitos de aprendizagem. Nos relatos de vivências no espaço externo, ressaltaram a necessidade de contato com os elementos da natureza e o desejo por movimento, evidenciando a necessidade do desemparedamento. As narrativas apresentaram uma noção temporal embasada nas ações que exerciam durante a rotina nas áreas de interesses, a qual também favorece a interação entre as crianças e adultos. As crianças relataram brincar e fazer atividades, desmistificando a divergência entre aprender e brincar no espaço escolar, citam ainda exemplos da presença das aprendizagens durante as brincadeiras/atividades. As potencialidades do arranjo espacial semiaberto para o desenvolvimento e aprendizagem são reconhecidas nas narrativas das crianças, que demonstraram compreender sua intencionalidade e atribuíram sentido às suas vivências naquele espaço. A pesquisa expõe desejos e necessidades das crianças para um processo de desenvolvimento e aprendizagem significativo, no qual o espaço físico escolar seja um aliado à integração entre o lúdico e o aprender. A escuta sensível das crianças é indispensável nas escolas, pois nos convida a olhar e pensar a realidade a partir do seu ponto de vista. |