| Resumo |
O cultivo de Cannabis sativa L. apresenta potencial relevante nas áreas medicinal, cultural e industrial. Em se tratando de espécie medicinal, o manejo adequado é essencial para otimizar a produção de biomassa e compostos bioativos. Este estudo teve como objetivo avaliar o efeito de diferentes sistemas de poda sobre o crescimento vegetativo, a produção de matéria seca de inflorescências e o rendimento e composição de extratos em plantas da cultivar ‘Doctor’. O experimento foi conduzido nas instalações da APEPI (Associação de Apoio à Pesquisa e Pacientes de Cannabis Medicinal) em Paty do Alferes/RJ, sob clima Cw, segundo Köppen, com temperatura média anual de 20 °C e precipitação média de 1.200 mm. Foram utilizadas 100 estacas clonais, enraizadas e aclimatadas em condições controladas, seguindo um cronograma de transplantes e fertirrigação orgânica. A poda foi realizada na quarta semana de vegetação, com altura média de 48,6 cm. As plantas passaram por três tipos de poda: apical, basal, apical/basal, e havia uma testemunha sem poda. Em duas semanas após a poda, as plantas foram transplantadas e ficaram sem complementação luminosa para induzir a floração. A fase de florescimento teve duração de 65 dias, sendo conduzida em canteiros suspensos, sob fertirrigação semanal e aplicação quinzenal de Trichoderma, para controle biológico de patógenos. A colheita foi definida com base na análise da maturação dos tricomas por lupa digital. Após a trima e debulha, as inflorescências foram secas até atingirem 20% da matéria fresca e foi determinada a massa da matéria seca. As amostras foram então moídas, extraídas em álcool de cereais por maceração dinâmica e analisadas por cromatografia líquida de alta eficiência para quantificação de canabinoides. Os parâmetros avaliados foram altura da planta, largura da copa, massa da matéria fresca e seca das inflorescências, rendimento de extrato e composição química (CBD, THC e CBG). Os dados de altura e diâmetro das plantas foram coletados nas semanas 0, 4, 6, 8 e 11. As análises estatísticas (ANOVA, regressão e teste de Tukey, p<0,05) indicaram ausência de diferenças significativas entre os tratamentos de poda para todas as variáveis analisadas, inclusive no perfil químico dos extratos. Apesar da poda não ter influenciado nos parâmetros avaliados, observou-se uma maior uniformidade da arquitetura das plantas, característica positiva nas plantas produzidas na APEPI. Conclui-se que os sistemas de poda apical, basal e combinada, nas condições avaliadas, não influenciaram significativamente o desenvolvimento vegetativo, a produção de inflorescências e nem o perfil de canabinoides da cultivar. Esses resultados demonstram que há possibilidades de estudos com diferentes práticas de manejo para melhorar a produtividade e qualidade da cultura. |