| Resumo |
Introdução: O puerpério, fase do ciclo grávido-puerperal, começa após a saída da placenta e dura até o organismo materno voltar ao estado pré-gravídico. No Brasil, a qualidade da assistência puerperal varia conforme a região, com desigualdades no acesso e na estrutura dos serviços. Embora o Sistema Único de Saúde (SUS) ofereça cobertura universal, desafios como falta de recursos e fragilidade na rede de apoio prejudicam o atendimento às puérperas. Objetivo: Identificar os fatores associados à qualidade da assistência puerperal no Brasil. Metodologia: Este estudo consiste em uma revisão narrativa da literatura, com o objetivo de responder à pergunta: “Quais fatores estão associados à qualidade da assistência puerperal no Brasil?”. As buscas foram realizadas nas fontes de dados Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE) via PubMed e Web of Science, que utiliza termos controlados do sistema Medical Subject Headings (MeSH) e a Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), utilizando descritores Descritores em Ciências da Saúde (DeCS). O recorte temporal (2011–2025) considerou a implantação da Rede Cegonha, política nacional de atenção materno-infantil. Os termos de busca incluíram: "Postpartum Period", "Quality Indicators, Health Care", "Quality of Health Care" e "Brazil", combinados por operadores booleanos (AND/OR). Os critérios de inclusão foram estudos primários em português, inglês ou espanhol. E de exclusão foram estudos secundários, tipo revisões e textos opinativos. Resultados: Encontrou-se 135 estudos, sendo 29 duplicados. Após análise dos 106 por resumo, 18 foram lidos na íntegra e compõem esta revisão. Foram elaboradas duas categorias temáticas. A primeira, "Ambiência”, revelou que as estrutura das maternidades brasileiras representam um desafio para a qualidade da assistência puerperal devido a problemas como falta de privacidade, leitos inadequados, higiene e ventilação insuficientes. A segunda categoria, “Boas práticas de cuidado puerperal e lacunas”, evidenciou que apesar da predominância de relatos positivos sobre equipes acolhedoras e orientações adequadas, há puérperas que vivenciam situações de desrespeito e desamparo, fatores estes que podem contribuir para o desenvolvimento da depressão pós parto. A análise identificou boas práticas no puerpério como o incentivo ao aleitamento materno e à presença de acompanhante, apoio emocional e vigilância para prevenção de complicações. Conclusão: A assistência puerperal qualificada pressupõe investimentos na adequação das maternidades e na qualificação dos profissionais. A humanização do cuidado no puerpério deve ser entendida como um processo que engloba desde condições físicas adequadas até relações assistenciais respeitosas e baseadas em evidências, com monitoramento da qualidade da assistência prestada a fim de garantir que todas as puérperas brasileiras tenham acesso a um cuidado seguro e digno. |