| Resumo |
Introdução: O tempo excessivo de tela na infância tem sido associado a prejuízos no desenvolvimento físico, cognitivo e social, especialmente em crianças entre zero a seis anos de vida, período sensível às influências ambientais, familiares e sociais. Objetivo: analisar os fatores associados ao tempo de exposição a telas entre crianças de 4 a 6 anos de idade em uma unidade de educação infantil da zona da mata mineira. Metodologia: Trata-se de um estudo transversal, com abordagem quantitativa, realizado entre os meses de agosto a outubro de 2024. Foram convidados a participar do estudo os pais ou responsáveis de crianças regularmente matriculadas na unidade. Os dados foram coletados por meio de questionário estruturado que investigou questões sociodemográficas, comportamentais e ambientais bem como o uso de telas por crianças. A análise foi feita com o software SPSS, considerando nível de significância de 5%. O estudo foi aprovado pelo CEP/UFV sob número de parecer 6.574.953. Resultados: Dispositivos eletrônicos com telas são utilizados por 97,5% das crianças, sendo a televisão o mais frequente (75%). A maioria das crianças (65%) apresenta tempo de tela inadequado, ultrapassando o limite diário recomendado pela Sociedade Brasileira de Pediatria de no máximo 1 hora por dia para a faixa etária estudada. Observou-se associação estatisticamente significativa entre tempo de tela e a cor da mãe (p=0,015), bem como com a escolaridade do pai (p=0,039). Apesar de 97,5% dos responsáveis afirmarem realizar monitoramento do uso de telas, estratégias como supervisão direta e conversas sobre o conteúdo acessado pela criança mostraram-se pouco frequentes (7,5%). Das 36 crianças que não possuem celular ou tablet próprios, 24 (66,7%) apresentaram tempo de tela inadequado, o que sugere o compartilhamento desses dispositivos pelos próprios membros da família. Conclui-se que fatores étnicos e socioeconômicos influenciam o tempo de tela infantil, e que o monitoramento parental isolado pode não ser suficiente para controlar o tempo de acesso às telas pelas crianças. Destaca-se a necessidade de políticas públicas e estratégias educativas que envolvam famílias, escolas e serviços de saúde na promoção de práticas saudáveis e no enfrentamento do uso excessivo de telas na infância. |