| Resumo |
A infância, enquanto construção sociocultural, assume significados diversos em diferentes contextos históricos e culturais. Entre os Maxakali, o povo indígena de Minas Gerais, ela é compreendida como dimensão estruturante da vida social, espiritual e cosmológica, desafiando concepções ocidentais universalizantes sobre a criança. Nesse contexto, as crianças ocupam um lugar central na manutenção da cultura: são participantes ativas dos rituais, aprendem desde cedo os cantos sagrados dos yãmiy (espíritos ancestrais) e desempenham papéis fundamentais na transmissão da língua e dos saberes tradicionais. Partindo dessa premissa, esta pesquisa tem como objetivo geral realizar uma revisão bibliográfica integrativa sobre as representações e práticas associadas à infância indígena no Brasil entre 1980 e 2025, com especial atenção aos estudos sobre os Maxakali. Adota-se uma abordagem qualitativa, com metodologia baseada em revisão integrativa da literatura acadêmica, contemplando três etapas: mapeamento das fontes em repositórios de tese e dissertações e periódicos Qualis A/B da área de Antropologia; triagem e extração de dados com uso de fichas contendo informações como etnia abordada, localização geográfica, abordagem teórica, metodologia e resultados principais; e, por fim, análise e síntese dos dados organizados em categorias temáticas como socialização infantil, práticas rituais e saberes indígenas. Espera-se identificar as principais tendências teóricas, lacunas e contribuições nos estudos sobre a infância Maxakali. Como resultado, pretende-se construir uma matriz analítica que permite compreender a infância como categoria ativa e estratégica na reprodução sociocultural desses grupos. A relevância deste estudo reside em ampliar a visibilidade de perspectivas indígenas sobre a infância, reconhecendo as crianças como sujeitos produtores de cultura e resistência. A conclusão aponte que, ao considerar as infâncias indígenas sob suas próprias lógicas, é possível contribuir para uma Antropologia mais sensível às pluralidades e comprometida com a valorização dos saberes tradicionais, reforçando a urgência e práticas acadêmicas e políticas públicas que resistem os modos próprios de ser, viver e aprender dos povos originários. |