| Resumo |
Definir unidades taxonômicas é desafiador e demanda análises qualitativas e quantitativas. Askola froehlichi Peters, 1969 é reconhecida como um complexo de espécies, e sua identificação é complexa em virtude de uma suposta variação intraespecífica de coloração. A taxonomia integrativa se torna essencial para a delimitação da espécie e, portanto, aqui aplicamos morfometria geométrica para testar se é possível discriminar dois morfotipos de A. froehlichi encontrados no Parque Nacional da Serra dos Órgãos (PARNASO) a partir da morfometria de suas asas. Esses morfotipos se diferem quanto à coloração, que pode ser marrom ou alaranjada, e ao tamanho dos fórceps genitais, que nos indivíduos de coloração marrom são relativamente maiores. Para descobrir se as asas desses morfotipos também se distinguem de forma consistente, montamos lâminas com as asas anteriores de 33 indivíduos adultos coletados no PARNASO, sendo 18 de coloração marrom e 15 de coloração alaranjada. Foram selecionados 18 marcos anatômicos que descrevem a forma geral das asas de Ephemeroptera a fim de quantificar variações de forma e tamanho. Com as lâminas montadas e os marcos anatômicos digitalizados realizamos os procedimentos iniciais, as análises exploratórias e testes estatísticos nos softwares TPSDig, TPSUtil, TPSRelw e Past 5.2.2. As análises de componentes principais (PCA) revelaram cinco componentes que explicam, em conjunto, 73,46% da variação. Os testes de variância (ANOVA e Kruskal-Wallis) mostram que não há diferenças significativas para o tamanho dos centróides e nem para os 5 PCs. Esses resultados revelam que, apesar de existirem diferenças morfológicas consistentes que separam os espécimes de Askola do PARNASO em dois morfotipos quanto à coloração, suas asas têm, em média, tamanho e forma similares. Portanto, é possível inferir dois cenários distintos: a variação de coloração para os indivíduos analisados é meramente intraespecífica, podendo ser causada por fatores ambientais locais; ou esses morfotipos correspondem a duas espécies distintas dentro do complexo A. froehlichi que não podem ser discriminadas com base em tamanho e forma das asas. Metodologias adicionais, como técnicas com base em dados moleculares, são necessárias para corroborar esta ou outra hipótese. |