| Resumo |
Introdução: A gestação de alto risco é caracterizada por casos mais complexos de assistência durante o período gestacional, onde há maior chance de desfechos desfavoráveis e nocivos à saúde e sobrevivência do binômio mãe-filho. Objetivo: Analisar as condições de nascimento e parto de gestantes de alto risco em um município da zona da mata mineira. Metodologia: Trata-se de um estudo descritivo, quantitativo, transversal. Participaram do estudo gestantes de alto risco assistidas em uma unidade de referência de um município da zona da mata mineira. Utilizou-se instrumento de coleta de dados elaborado pelos autores. Os dados foram digitados em planilha excel e avaliados no programa Statistical Package for the Social Sciences. Essa pesquisa faz parte de um estudo maior aprovado pelo comitê de ética sob o parecer 5.664.638. Resultados e discussão: A análise da assistência ao parto de acordo com a via de nascimento revelou um cenário contrastante entre os partos vaginais e cesáreos ao evidenciar a adoção de práticas humanizadas bem como intervenções obstétricas. Na amostra, foram analisados 48 partos, dos quais 56,25% foram partos cesáreos e 43,75% partos normais. Observou-se uso de métodos não farmacológicos para alívio da dor nos partos vaginais, 46,7% dos casos. No que tange aos métodos farmacológicos para alívio da dor, foi observado em todos os partos cesáreos e em 40% dos partos vaginais, o que se justifica dada a natureza cirúrgica do procedimento cesáreo. Contudo, o uso isolado de métodos farmacológicos em detrimento dos não farmacológicos sugere uma forte medicalização da assistência ao parto, o que contraria os princípios da humanização do parto e as recomendações e diretrizes de assistência ao parto da OMS. Intervenções como toques vaginais, ocorreu em 64% em partos vaginais, a amarração na cama foi identificada em um caso de parto vaginal. A ruptura da bolsa amniótica ocorreu em 72,4% das cesáreas e 27,6% dos partos vaginais. O padrão observado sugere que, nos casos de cesárea, a ruptura da bolsa se associa mais frequentemente a um curso de parto não fisiológico, reforçando o caráter emergencial ou planejado dessas intervenções. No que se refere ao jejum durante o trabalho de parto, foi observado que todas as parturientes submetidas à cesárea passaram por essa restrição, sendo que em 19,2% dos casos não houve jejum prévio. A realização de episiotomia ocorreu em 9,5% dos partos vaginais, sugerindo persistência de condutas desatualizadas, distantes do modelo de assistência humanizada preconizado pelo Ministério da Saúde e por diretrizes internacionais. Conclusão: De acordo com os dados do presente estudo, ressalta-se a importância da atualização dos profissionais de saúde, no que tange, a assistência humanizada ao parto, além de evidenciar práticas intervencionistas e humanizadas no mesmo cenário de saúde. |