| Resumo |
A crescente demanda por soluções sustentáveis tem impulsionado o desenvolvimento de estratégias voltadas ao reaproveitamento de subprodutos da agroindústria, com foco na valorização de resíduos vegetais como fontes de compostos bioativos. Dentre esses resíduos, destacam-se as cascas de café, frequentemente descartadas ou destinadas à queima, que apresentam elevado teor de compostos fenólicos com reconhecida atividade antioxidante e potencial aplicação nas indústrias alimentícia, farmacêutica e cosmética. Neste contexto, o objetivo deste trabalho foi comparar a eficiência de extração de compostos fenólicos totais a partir de cascas de café com ultrassom de ponteira, ultrassom de banho ou sob refrigeração. As extrações foram realizadas com 5 g de casca de café (Coffea arabica) em 50 mL de etanol 70%, em duplicata. Nos tratamentos com ultrassom de ponteira, aplicaram-se potências de 50% e 100%, com tempo máximo de 10 minutos ou até que a amostra atingisse 40 °C (o que ocorreu antes do tempo limite em todos os casos). Em ultrassom de banho as condições empregadas foram: 40 °C, 50% de eficiência e 45 Hz por 50 minutos. As extrações sob refrigeração foram conduzidas a 4 °C por 24h. Em seguida, os extratos foram centrifugados a 5.000 rpm por 20 minutos para remoção dos sólidos, rotaevaporados a 40 °C e 80 rpm) para recuperação do etanol, e armazenados congelados até a análise. A quantificação dos fenólicos totais foi realizada pelo método de Folin-Ciocalteau, com leitura a 760 nm (SpectraMax iD3) e curva padrão de ácido gálico. Os resultados demonstraram que o ultrassom de banho apresentou o maior teor de fenólicos totais (167,13 ± 9,25 mg EAG/100 g) e que não houve diferença significativa entre os demais métodos: ultrassom de ponteira a 100% (118,00 ± 16,45 mg EAG/100 g), ultrassom de ponteira a 50% (105,79 ± 5,71 mg EAG/100 g) e extração sob refrigeração (135,69 ± 19,72 mg EAG/100 g). A eficiência dos tratamentos com ultrassom de ponteira pode ter sido afetada pela alta intensidade do processo, que favorece a liberação e a rápida degradação dos compostos fenólicos. Em comparação com a extração sob refrigeração, o uso do ultrassom de banho promoveu um aumento de 23,17% na concentração de fenólicos totais, evidenciando sua eficiência. Além disso, o uso de ultrassom reduz o tempo necessário para extração eficiente, sendo uma técnica de fácil aplicação, com menor consumo energético em relação a métodos térmicos prolongados. Os dados indicam que o ultrassom é uma estratégia promissora, rápida e sustentável para a extração de compostos bioativos de resíduos da agroindústria cafeeira, sendo necessário otimizar as condições do ultrassom de ponteira para evitar perdas por degradação tendo em vista a maior intensidade do processo. |