| Resumo |
INTRODUÇÃO: Pierre de Coubertin idealizou os Jogos Olímpicos modernos como um evento internacional periódico pautado na promoção da paz e da união entre as nações. Apesar desse ideal humanista e pacifista que sustentou o Movimento Olímpico ao longo do século XX, a história dos Jogos Olímpicos tem sido marcada por inúmeras contradições, sobretudo no que diz respeito aos seus impactos sociais, econômicos e políticos nos territórios que os sediaram. Nesse contexto, surge o movimento NOlympics, criado em 2017 em Los Angeles, com o objetivo de contestar não apenas a realização dos Jogos Olímpicos de 2028 naquela cidade, mas o movimento como um todo, denunciando-o como modelo de gentrificação, militarização e exploração social. OBJETIVO: Este estudo tem como objetivo analisar os conteúdos disponibilizados na seção “NOlympics Resources” do site da organização (nolympicsla.com), com foco nos materiais relacionados aos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro em 2016. METODOLOGIA: Trata-se de uma pesquisa qualitativa, de natureza descritiva, que utiliza como fonte documental o próprio site do movimento, compreendido como ferramenta digital de articulação política e formativa. RESULTADOS: Evidenciou-se que o NOlympics estrutura seu acervo a partir de categorias temáticas que expõem os efeitos colaterais do megaevento no Rio, com destaque para os processos de remoções forçadas, agravamento das desigualdades urbanas, repressão policial e crise orçamentária. Títulos como “As Olimpíadas são sempre um desastre para os pobres”, “Qual é o legado olímpico do Rio? Depende de com quem você conversa no Brasil”, e “O legado olímpico do Rio: uma contagem de corpos”, revelam uma narrativa crítica que contrapõe o discurso oficial do legado positivo. Além disso, o movimento associa o caso brasileiro a um padrão global de violações recorrentes nos países anfitriões, problematizando os mecanismos de governança e o discurso de progresso que acompanham os Jogos. Assim, o site não apenas documenta os efeitos negativos do evento, mas se apresenta como uma ferramenta de denúncia, memória e articulação internacional, conectando o Rio de Janeiro a outras lutas urbanas contra os impactos de megaeventos. CONCLUSÃO: Conclui-se que o NOlympics transforma seu acervo digital em ferramenta de denúncia e mobilização, articulando experiências locais, como a do Rio 2016, a um padrão global de impactos negativos dos Jogos. Ao desafiar o discurso do legado positivo, o movimento propõe uma crítica ao olimpismo e aponta caminhos de resistência construídos por meio do engajamento civil, nomeadamente um ativismo anti-olímpico construído por meio da articulação transnacional. |