| Resumo |
A região das Matas de Minas, formada por 64 municípios, é a terceira maior produtora de café em Minas Gerais, destacando-se pela qualidade e quantidade de produto que oferta no mercado. No entanto, enfrenta dificuldades para manter padrões competitivos, decorrentes da fragmentação das propriedades rurais, restrição de capital, baixo nível tecnológico e reduzido associativismo. Este trabalho tem como objetivo analisar as condições da produção cafeeira das Matas de Minas a partir da categoria analítica capitalismo dependente, proposta pela Teoria Marxista da Dependência (TMD). Trata-se de uma pesquisa qualitativa que utilizou levantamento bibliográfico e análise de dados secundários do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Foram incorporados estudos historiográficos sobre a formação territorial das Matas de Minas e da cafeicultura contemporânea da região, considerando suas especificidades socioeconômicas e produtivas. Como embasamento teórico, as discussões da TMD orientaram a análise crítica e interpretações acerca das condições históricas e estruturais que ainda moldam a produção cafeeira na região. Os resultados demonstraram que a perpetuação das vulnerabilidades dos agricultores da região são expressões históricas e estruturais inerentes ao capitalismo dependente e à integração subordinada das economias locais ao mercado global. Os agricultores têm dedicado esforços para melhorar a qualidade e agregar valor aos seus produtos, o que resultou na identidade territorial reconhecida como “Matas de Minas”. Entretanto, essas iniciativas não foram suficientes para superar as condições de produção convencional, marcada pela baixa capacidade de investimento e forte presença de atravessadores. Conclui-se que essas condições estão vinculadas ao ciclo de reprodução mundial do capital, que definiu para os países periféricos o papel de exportadores de produtos primários. Assim, refletem a lógica da dependência estrutural, que mantém esses países em situação precária, favorecendo a concentração dos lucros nos países centrais e perpetuando padrões de desigualdade socioespaciais. |