| Resumo |
O resíduo do beneficiamento de mármore e granito é produzido em elevado volume em indústrias brasileiras, e ainda não possui uma destinação adequada. O seu descarte em aterros tem gerado problemas ambientais derredor, ocupação de áreas que poderiam ser produtivas, e pode levar a quadros de doenças respiratórias em indivíduos. Da mesma forma, a produção do cimento Portland tem agravado problemas ambientais devido à elevada liberação de gases na atmosfera. Uma forma de mitigar ambos os problemas é utilizar o resíduo do beneficiamento de granito em aglomerantes geopoliméricos, que podem ser aplicados em substituição a aglomerantes cimentícios tradicionais. Os geopolímeros são uma subclasse de álcali-ativados, formados a partir da reação do precursor em um meio alcalino criado por um ativador. Para investigar a eficácia dessa aplicação, o resíduo do beneficiamento de granito foi caracterizado física, química e mineralogicamente. O material apresentou picos cristalinos e, a fim de torná-lo mais reativo, foi realizado o estudo de cinco tempos de moagem, com auxílio do ensaio de difratometria de raios X (DRX) e ensaio de Chapelle. A moagem a 180 minutos mostrou-se com maior capacidade de tornar o resíduo mais reativo. Dez misturas foram obtidas via planejamento experimental em rede simplex, utilizando resíduo e metacaulim como precursores, areia quartzosa artificial como agregado e hidróxido de sódio como ativador. Amostras cilíndricas foram moldadas por prensagem uniaxial e ensaiadas à compressão. A adição do resíduo contribuiu para o aumento da densidade aparente e a redução da porosidade dos exemplares, mas o metacaulim ainda foi o mais influente na resistência mecânica. A adição em até 25% do resíduo gerou uma resistência mecânica superior a 4 MPa. Os resultados obtidos na pesquisa demonstram que o aglomerante tem potencial para aplicação na construção civil, permitindo seu uso como tijolo maciço, enchimento ou na pavimentação, sendo viável nos âmbitos técnico, ambiental e econômico. |