Das Montanhas de Minas ao Oceano: Os Caminhos da Ciência para um Futuro Sustentável

20 a 25 de outubro de 2025

Trabalho 20878

ISSN 2237-9045
Instituição Universidade Federal de Viçosa
Nível Graduação
Modalidade Pesquisa
Área de conhecimento Ciências Humanas e Sociais
Área temática Dimensões Sociais: ODS10
Setor Departamento de Ciências Sociais
Bolsa Não se Aplica
Conclusão de bolsa Não
Primeiro autor Gabriel Alencar Zeni
Orientador JEFERSON BOECHAT SOARES
Outros membros João Pedro dos Anjos Paixão
Título Programa Minha Casa Minha Vida: Viçosa/MG - O caso do Conjunto Habitacional Benjamin José Cardoso (Coelhas I)
Resumo Este trabalho tem como objetivo analisar a efetividade do Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV) em Viçosa/MG, com foco no Conjunto Habitacional Benjamin José Cardoso (Coelhas I), a partir de uma abordagem qualitativa e em perspectiva pós-ocupação. A pesquisa articula análise documental de atas do Conselho Gestor do Fundo de Habitação de Interesse Social (FHIS), registros públicos municipais e uma revisão narrativa da literatura acadêmica, visando compreender os impactos da política habitacional, a distribuição de equipamentos públicos e os mecanismos de formulação e implementação locais.
A partir do marco do Coelhas I como empreendimento pioneiro do PMCMV em Viçosa, identificam-se limites estruturais da política pública quando transposta de diretriz nacional para o plano local. Embora tenha ampliado o acesso à moradia para famílias de baixa renda, a escolha do terreno contrariou o vetor de crescimento urbano do município e resultou em baixa integração socioespacial, aliada à fragilidade do planejamento urbano municipal; levando à valorização fundiária em detrimento da função social da cidade.
As atas do FHIS revelam ainda a falta de participação popular nos processos decisórios e resistências à fiscalização das obras. Tal situação, corrobora com o argumento de Norberto Bobbio (1986) sobre o “poder invisível” que transforma o público em privado, tornando opaca as deliberações e distanciando o cidadão da gestão pública. Nessa lógica, a política pública deixa de ser espaço de resolução de um problema entendido como coletivamente relevante e passa a reproduzir práticas patrimonialistas e clientelistas, conforme apontado por Raymundo Faoro (1993) e Edson Nunes (2003).
Com base nas gramáticas políticas de Nunes (2003), observa-se a coexistência de elementos do clientelismo e do universalismo de procedimentos no caso viçosense. Apesar dos critérios técnicos de seleção dos beneficiários, a localização do empreendimento e a condução política do processo revelam a predominância de interesses mercadológicos. A política habitacional, então, assume dupla função: distributiva, ao beneficiar diretamente famílias vulneráveis; e econômica, ao dinamizar o setor da construção civil e reproduzir lógicas de expansão urbana baseadas em critérios imobiliários.
Conclui-se que, embora o PMCMV tenha representado um avanço em termos de acesso formal à moradia, sua eficácia e equidade foram comprometidas por práticas que reforçam desigualdades estruturais. O caso de Viçosa evidencia a necessidade de políticas urbanas que articulem transparência, planejamento integrado e participação cidadã, superando a lógica da invisibilidade nas decisões públicas. Assim, este estudo contribui para uma compreensão mais crítica dos limites e possibilidades das políticas habitacionais para a redução das desigualdades.
Palavras-chave Programa Minha Casa Minha Vida, Habitação de Interesse Social, Política Pública
Forma de apresentação..... Painel
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