| Resumo |
Trata-se de uma ramificação da pesquisa desenvolvida no mestrado em Educação da Universidade Federal de Viçosa (UFV), titulada “Trilhando caminhos: presenças e agências negras nos programas de pós-graduação da Universidade Federal de Viçosa-MG”. Esta pesquisa investigou o perfil de estudantes cotistas negros/as ingressantes nos Programas de Pós-Graduação stricto sensu dos Centros de Ciências Humanas (CCH) e Ciências Exatas (CCE) da UFV, entre 2022 e 2023. A partir das narrativas dos/as discentes, buscou-se compreender como tem se efetivado suas presenças e agências nos respectivos programas de pós-graduação. A relevância do estudo está em oferecer dados detalhados sobre a realidade desses/as estudantes no que se refere ao acesso, permanência e produção de conhecimento, contribuindo para a avaliação das políticas de ações afirmativas e inclusivas de gênero, raça e classe. Os dados possibilitam refletir sobre estratégias que assegurem a assistência estudantil, reduzam a evasão e aprimorem as políticas públicas no contexto da UFV. O referencial teórico fundamentou-se em autoras e autores como Nilma Lino Gomes, Simone Euclides, Joselina da Silva, Silvio Almeida, Kabengele Munanga, Amélia Artes, Anna Venturini e João Feres Júnior, entre outros/as estudiosos/as. A abordagem metodológica foi qualitativa, com realização de entrevistas semiestruturadas com os/as estudantes cotistas. Os resultados apontam que a UFV implementa cotas raciais nos programas de pós-graduação nos dois centros analisados. Contudo, a adoção do percentual mínimo de reserva de vagas resulta em maior presença de estudantes negros/as no CCE. Foi constatado que esses/as estudantes vivenciam discriminações relacionadas à raça, gênero e classe. As experiências diferem entre os centros: no CCE, há maior incidência de sexismo, além de dificuldades financeiras para aquisição de equipamentos essenciais às pesquisas. Já no CCH, tais dificuldades não foram mencionadas, e o sexismo aparece com menor intensidade. A política de cotas raciais tem impactado positivamente a vida dos/as discentes, tanto em nível individual quanto coletivo e familiar. Observou-se que suas produções acadêmicas frequentemente abordam, direta ou indiretamente, questões de raça, gênero e classe, ampliando o escopo temático das agendas de pesquisa e contribuindo para a construção de novas epistemologias no ambiente universitário |