| Resumo |
Introdução: O avanço tecnológico e a popularização de dispositivos eletrônicos têm influenciado significativamente os hábitos infantis, especialmente na primeira infância, fase marcada por intenso desenvolvimento motor, cognitivo e social. A exposição precoce e crescente às telas suscita preocupações quanto aos possíveis impactos no desenvolvimento infantil. Objetivo: Analisar os fatores associados ao tempo de uso de telas na primeira infância em um município da Zona da Mata Mineira. Método: Estudo transversal realizado por meio da aplicação de questionário estruturado, on line, direcionado às famílias das crianças com idade entre 0 a 4 anos matriculadas em uma unidade de educação infantil. Foram investigadas características sociodemográficas e o uso de telas pelas crianças. A análise dos dados foi conduzida no software estatístico SPSS. Foram aplicados os testes do qui-quadrado, para verificar associações entre características familiares e o tempo de tela, e o teste t de Student, para comparação das médias entre grupos. O estudo foi aprovado pelo CEP/UFV sob número de parecer 6.574.953. Resultados: Observou-se que 86,3% das crianças eram expostas diariamente a telas, sendo a televisão o dispositivo mais utilizado. Além disso, 40,8% apresentaram tempo de tela superior ao recomendado pela Sociedade Brasileira de Pediatria, que orienta limites específicos conforme a faixa etária. A análise revelou associação estatisticamente significativa entre menor tempo de exposição às telas e três fatores: maior escolaridade materna, prática regular de atividades físicas pela criança e percepção dos responsáveis quanto aos prejuízos decorrentes do uso excessivo de telas. Embora a maioria dos pais conheça as recomendações e reconheça os riscos, muitos relataram dificuldades em limitar o uso, especialmente diante das demandas cotidianas e da sobrecarga de responsabilidades. As estratégias mais citadas para redução do tempo de exposição envolveram atividades lúdicas e brincadeiras ao ar livre. Conclusão: Conclui-se que a elevada exposição às telas na primeira infância permanece como um desafio, mesmo entre famílias conscientes dos riscos associados. Os resultados reforçam a necessidade de ações educativas que considerem as especificidades sociais e familiares, além de valorizarem o papel ativo dos responsáveis na mediação do uso de dispositivos com tela. Nesse contexto, a atuação conjunta de profissionais da saúde e da educação mostra-se estratégica, sobretudo por meio de ações de puericultura, educação em saúde e acompanhamento longitudinal das famílias, promovendo ambientes mais saudáveis e propícios ao desenvolvimento integral da criança. |