| Resumo |
A crescente intensidade de eventos hidrológicos extremos em centros urbanos, impulsionada por uma complexa interação entre fatores naturais e antrópicos, representa um desafio significativo para a gestão territorial. Este trabalho teve como objetivo central conduzir uma análise multicritério (MCE) para identificar e mapear áreas com susceptibilidade a alagamentos no município de Belo Horizonte/MG, fenômeno definido como o acúmulo de água decorrente de deficiências no sistema de drenagem pluvial. A escolha do município se justifica por suas características, como a natureza acidentada do terreno e extensas áreas impermeabilizadas, que intensificam o escoamento superficial e agravam os riscos. A metodologia foi desenvolvida em ambiente de Sistemas de Informações Geográficas (SIG), utilizando o software TerrSet. Os dados brutos, como a rede de galerias de drenagem e o mapa de coeficiente de escoamento superficial (C), foram obtidos da plataforma BHMap, da Prefeitura de Belo Horizonte, enquanto o Modelo Digital de Elevação (MDE) com resolução de 12,5 metros foi adquirido da plataforma ALOS PALSAR. Todo o material cartográfico foi pré-processado e padronizado para essa resolução, garantindo a compatibilidade entre as camadas. Para a modelagem do risco de alagamento, foram considerados os seguintes critérios: elevação, declividade, coeficiente de escoamento superficial (fator) e a distância em relação às galerias da rede de drenagem (variável). Adicionalmente, as áreas de represas e lagoas artificiais foram aplicadas como uma restrição booleana, excluindo-as da análise por possuírem sistemas próprios de controle de vazão. A construção do modelo MCE empregou a Lógica Fuzzy, com os pesos das variáveis sendo definidos pelo método de Análise Hierárquica de Processos (AHP), resultando nos seguintes pesos: 0,300 para declividade, 0,300 para elevação, 0,300 para o coeficiente de escoamento e 0,100 para a distância da drenagem. Os resultados geraram um mapa de susceptibilidade que demonstrou considerável similaridade ao ser comparado com o mapa de áreas críticas de alagamento de referência, validando a abordagem metodológica. O mapeamento final espacializa as áreas com maior e menor risco, e a análise indicou que a elevação e a declividade exerceram papel central na definição das áreas sensíveis, enquanto o sistema de drenagem teve influência secundária, corroborando outros estudos na área. Concluiu-se que, para a análise MCE de risco de alagamento, a declividade e o coeficiente de escoamento superficial foram os fatores mais relevantes , fornecendo um subsídio técnico preciso que pode auxiliar no planejamento urbano, na regulamentação do uso e ocupação do solo e na priorização de intervenções na infraestrutura de drenagem da cidade. |