| Resumo |
O tabagismo é um problema de saúde pública e exige intervenções em saúde para o seu controle. Está associado ao câncer, doenças cardiovasculares, doença pulmonar obstrutiva crônica, gerando impactos econômicos e sociais. Assim este trabalho teve por objetivo associar o estado nutricional, condições socioeconômicas e demográficas com o tabagismo em agricultores familiares. Trata-se de um estudo transversal, realizado com adultos agricultores e agricultoras familiares, de 20 a 59 anos, avaliando-se um morador por domicílio, da Região Geográfica Imediata de Viçosa-MG, por sorteio em lista fornecida pela empresa de assistência técnica e extensão rural dos referidos municípios. Este trabalho obteve aprovação do Comitê de Ética da Universidade Federal de Viçosa (2.496.986). Aplicou-se questionário semiestruturado por telefone, para a coleta das informações socioeconômicas e demográficas (idade, escolaridade, cor/raça e renda), além de se questionar se o voluntário era tabagista. O estado nutricional foi avaliado a partir de peso e estatura autorrelatados, calculando-se o Índice de Massa Corporal. Os dados foram tabulados e validados no Excel, e analisados no SPPS versão 20, sendo apresentados em frequência absoluta e relativa e associação pelo qui-quadrado, adotando-se p<0,05. Foram avaliados 426 adultos, sendo 52,3% (n=223) do sexo masculino, com média de idade de 43,5 (± 9,5) anos. A mediana de anos de estudo e renda foram respectivamente quatro anos (mínimo: 0; máximo 18) e R$ 1500,0 (mínimo: R$ 200,0; máximo: 12000,0). Quanto à autodeclaração de cor/raça, 51,9% (n=221) eram pardos, 39,0% (n=166) brancos e 9,1% (n=39) pretos. Dos avaliados, 28,2% (n=120) eram tabagistas. Entre os tabagistas: 65,0% (n=78) eram do sexo masculino, 66,7% (n=80) pardos/pretos, 46,7% (n=56) tinham ≤ quatro anos de estudo e o excesso de peso esteve presente em 56,7% (n=68). Houve associação entre ser tabagista e ter ≤ quatro anos de estudo (p=0,042) e ser do sexo masculino (p=0,001). Não houve associação entre o tabagismo e excesso de peso (p=0,437), cor preta/parda (p=0,083) e renda ≤ R$ 1500,0 (p=0,069). Estes resultados demonstram a importância de abordar o controle do tabagismo no meio rural. Segundo dados da Pesquisa Nacional de Saúde (2019), a prevalência de tabagismo no Brasil era de 12,6%, valor inferior ao encontrado neste estudo (28,2%), reforçando a necessidade de diagnósticos populacionais que orientem ações educativas, a exemplo para o controle do tabagismo. Destaca-se ainda a importância de incluir os homens nas discussões em saúde, estes muitas vezes ficam aquém das intervenções e por procurarem menos os serviços de saúde, os diagnósticos podem ser tardios. Além disso, é necessário que as estratégias de prevenção de doenças e promoção da saúde sejam de fácil compreensão e que considerem fatores como a escolaridade da população na proposição de ações educativas. |