| Resumo |
A frenagem excêntrica exerce um papel crucial nos exercícios realizados em plataformas inerciais (flywheel), promovendo ganhos significativos de força e aprimoramentos no controle neuromuscular. A eficácia dessa fase do movimento está diretamente relacionada à carga inercial utilizada, podendo modificar substancialmente a resposta biomecânica do praticante. Este estudo de caso teve como objetivo investigar a influência de diferentes magnitudes de carga inercial sobre o padrão de frenagem excêntrica durante o exercício de agachamento, utilizando análise cinemática bidimensional (2D). Um voluntário realizou três séries de oito repetições de agachamento — com duas repetições adicionais para aceleração do disco — em uma plataforma inercial, utilizando três níveis distintos de carga: 0,035, 0,050 e 0,075 kg·m². O movimento foi capturado lateralmente com uma câmera digital e analisado no software Tracker, com o ponto de rastreamento definido no quadril. As coordenadas verticais (eixo Y) foram exportadas e processadas no Microsoft Excel, onde os dados foram suavizados por meio de média móvel de cinco pontos, com o objetivo de reduzir o ruído. A velocidade foi obtida pela primeira derivada das posições (Δy/Δt), e a aceleração, pela segunda derivada. A fase de frenagem excêntrica foi identificada com base nos picos negativos da aceleração, os quais ocorrem tipicamente ao final da fase descendente de cada repetição. Com a carga de 0,035 kg·m², observou-se uma maior amplitude de movimento e picos de aceleração negativa mais intensos, porém com padrão irregular, sugerindo menor controle motor e maior variabilidade na execução. Com a carga intermediária de 0,050 kg·m², a amplitude foi moderada, os picos negativos de aceleração se mantiveram elevados e a regularidade entre os ciclos aumentou, indicando maior consistência na estratégia de frenagem. Já com a carga mais elevada de 0,075 kg·m², o movimento foi mais contido e a velocidade de execução diminuiu. Nessa condição, a magnitude dos picos negativos de aceleração foi reduzida, mas seu padrão se apresentou mais estável e controlado, evidenciando um refinamento no controle motor durante a frenagem excêntrica. Esses achados indicam que o aumento progressivo da carga inercial influencia diretamente a estratégia de frenagem excêntrica no exercício. Cargas mais leves favorecem a geração de altos picos de força excêntrica, mas com menor estabilidade e regularidade. Cargas intermediárias possibilitam manter picos elevados com maior consistência. Por sua vez, cargas mais altas tendem a limitar a magnitude dos picos, mas promovem um padrão de frenagem mais estável e controlado. Tais evidências destacam a importância da seleção criteriosa e progressiva das cargas em treinamentos com flywheel, de modo a alinhar os estímulos às metas do treinamento — seja para o desenvolvimento de força excêntrica máxima ou para o aprimoramento do controle neuromuscular fino. |