| Resumo |
O uso indiscriminado de antibióticos na cadeia de produção animal, principalmente quando utilizado para fins profiláticos e metafiláticos, tornou-se um problema de saúde pública, contribuindo para o surgimento de bactérias multidrogas resistentes que podem ser transmitidas aos seres humanos por meio do consumo de alimentos contaminados. Nesse sentido, o objetivo desse estudo é investigar o perfil de resistência a antimicrobianos e bactérias que são classificadas como β-lactamase de espectro estendido (ESBL) em amostras de suínos. As amostras de fezes e linfonodos mesentéricos suínos foram coletadas na região de Zona da Mata Mineira/MG, perfazendo um total de 100 animais. Os animais foram divididos em 10 lotes (10 animais por lote). As amostras foram processadas por meio da microbiologia convencional e os isolados característicos para Salmonella spp. foram confirmados pela PCR. Após a confirmação do gênero Salmonella, o isolado foi encaminhado para a identificação do sorovar. Além disso, os mesmos isolados foram avaliados quanto a resistência antimicrobiana pelo método de disco difusão para os antibióticos Amoxicilina (10 µg), Ampicilina (10 µg), Cefepima (30 µg), Cefotaxima (30 µg), Ceftriaxona (30 µg), Ceftazidima (30 µg), Cefaclor (30 µg), Imipenem (10 µg), Meropenem (10µg), Ciprofloxacina (5 µg), Norfloxacina (10 µg), Enrofloxacina (5 µg) Estreptomicina (10 µg), Gentamicina (10 µg), Azitromicina (15 µg), Cloranfenicol (30 µg), Tetraciclina (30 µg) e Sulfametoxazol + Trimetoprim (1,25 + 23,75 µg). No total, 97 isolados de Salmonella foram confirmados. Os sorovares encontrados foram 83,5% (n=81) como S. Panama, 6,18% (n=6) como S. Minnesota e 10,30% (n=10) como S. I.4,5,12.i:-. Em relação a resistência antimicrobiana, os antibióticos com maiores frequências de resistência foram amoxicilina, ampicilina, tetraciclina, cloranfenicol e estreptomicina com intervalo de frequências entre 96,91% e 58,76%. Entre os tipos de amostra (fezes ou linfonodos), o perfil de resistência foi semelhante ao perfil geral. No entanto, as amostras provenientes de linfonodos apresentaram resistência a meropenem e imipenem, totalizando 4,94% (n=4) dos isolados. Entre os sorovares, S. Minnesota apresentou a menor resistência aos antibióticos testados, com destaque para amoxicilina, sulfonamida + trimetropim e cloranfenicol, ambos com 42,86% de resistência. Já o sorovar S. Panama foi o mais resistente. Em relação a produção de ESBL, nenhum isolado foi positivo para essa enzima. Dessa forma, evidencia-se uma alta frequência de cepas multidroga resistentes - MDR na cadeia produtiva de suínos, as quais apresentam um risco potencial à saúde pública devido à possibilidade de transmissão para humanos. Esses achados reforçam a urgência do uso racional de antimicrobianos, bem como o desenvolvimento de alternativas terapêuticas mais sustentáveis para o manejo dos suínos nas granjas. |