| Resumo |
Este trabalho faz parte do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica da Universidade Federal de Viçosa (PIBIC/UFV), edição 2024–2025, vinculado ao Mestrado Profissional em Educação em Ciências e Matemática, e tem como objetivo identificar e analisar as percepções de professoras da Educação Infantil sobre o ensino de Ciências. A pesquisa parte da necessidade de compreender o olhar docente frente à temática, considerando a crescente discussão sobre a articulação entre teoria e prática no contexto escolar e a urgência de promover a interdisciplinaridade desde os primeiros anos da educação básica. A metodologia adotada foi de natureza qualitativa e exploratória, realizada na Escola Centro Educacional Januário de Andrade Fontes, localizada no município de Viçosa (MG). Participaram do estudo oito professoras da Educação Infantil. A coleta de dados foi realizada por meio de questionários individuais, que investigaram a formação e atuação docente, e de um grupo focal, visando identificar a percepção coletiva acerca do ensino de Ciências nessa etapa escolar. A análise dos dados revelou um consenso entre as participantes quanto à importância do ensino de Ciências na Educação Infantil, destacando-se sua contribuição para o desenvolvimento integral da criança, a ampliação de seu repertório sobre o mundo e o estímulo à curiosidade, investigação, pensamento crítico e autonomia. As professoras ressaltaram que a abordagem pedagógica deve ser lúdica, prática, interativa e contextualizada, sempre partindo do concreto, das vivências cotidianas e dos saberes prévios das crianças. Jogos, brincadeiras, observações da natureza, dramatizações e atividades investigativas foram mencionadas como estratégias eficazes. Contudo, foram apontadas diversas dificuldades que limitam a efetivação do ensino de Ciências, especialmente em contextos públicos. Entre os principais desafios estão a falta de recursos materiais e infraestrutura adequada, a carência de formação inicial e continuada específica para o ensino de Ciências na Educação Infantil, e a rigidez dos planejamentos escolares. Além disso, foram evidenciadas dificuldades em adaptar conceitos científicos à linguagem infantil, manter o engajamento dos alunos e lidar com a escassez de tempo na rotina pedagógica. A análise também mostra que o perfil das professoras — em termos de tempo de atuação e formação — influencia a forma como percebem os desafios: enquanto algumas apontam limitações mais práticas, outras evidenciam questões estruturais e sistêmicas. Dessa forma, o estudo reforça a urgência de políticas públicas voltadas ao fortalecimento da formação docente, à melhoria das condições materiais das escolas e à valorização de práticas pedagógicas que promovam a investigação, a experiência e a criticidade desde a infância. Ensinar Ciências na Educação Infantil é, assim, garantir às crianças o direito de conhecer, explorar e compreender o mundo em que vivem. |