| Resumo |
Introdução: O excesso de adiposidade corporal identificado na infância e na adolescência pode ser um preditor de risco cardiometabólico, que inclui alterações antropométricas, metabólicas e cardiovasculares, podendo estender-se até a idade adulta. Diante disso, compreender a associação entre o excesso de gordura corporal e o risco cardiovascular justifica o subsídio de estratégias preventivas desde a infância até a adolescência. Objetivo: Avaliar a correlação entre o ganho de gordura corporal com o perfil antropométrico e lipídico da infância à adolescência. Metodologia: A coorte prospectiva intitulada Estudo Longitudinal do Programa de Apoio à Lactação (ELPRO) avaliou 410 crianças entre 4 e 7 anos que estão sendo reavaliadas na adolescência entre 13 e 20 anos. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Viçosa (Parecer: 892476/2014; 6575462/2024). Os responsáveis e os adolescentes assinaram o Termo de Consentimento e/ou Assentimento Livre e Esclarecido. Foi determinado o delta do percentual de gordura corporal (Δ% GC) pela subtração do %GC na adolescência do %GC na infância. Em relação à antropometria, foram avaliados o peso/idade, Índice de Massa Corporal (IMC)/idade, perímetro da cintura na cicatriz umbilical e a Relação Cintura Estatura (RCE). E, no perfil lipídico, foi determinado o colesterol total, a Lipoproteína de Baixa Densidade (LDL), a Lipoproteína de Alta Densidade (HDL) e triglicerídeos. Foi realizada a análise descritiva e o teste de correlação de Spearman ou Pearson. O nível de significância adotado foi de 5%. Resultados: Foram avaliados dados parciais de 86 adolescentes, sendo 53,5% (n=46) do sexo masculino. Na avaliação antropométrica, 72,1% (n=62) apresentaram IMC eutrófico, 70,9% (n=61) peso adequado e 74,4% (n=64) não apresentaram risco para complicação cardiometabólica segundo a RCE (<0,5). A mediana do perímetro da cintura foi de 55,1 cm (min: 47,4; máx:83). Em relação ao perfil lipídico, a média do LDL foi de 92,2±21,5 mg/dL e do colesterol total foi de 158,5±27,8 mg/dL. Na análise de correlação, o Δ %GC se correlacionou com peso (r = 0,324; p = 0,002), IMC (r = 0,385; p = 0,000), perímetro da cintura (r = 0,310; p = 0,004) e RCE (r = 0,418; p = 0,000). No perfil lipídico, houve correlação entre o Δ %GC com o LDL (r = 0,214; p = 0,048) e colesterol total (r = 0,256; p = 0,018). Não houve correlação com o HDL e triglicerídeos. Conclusão: Assim, notou-se correlação positiva entre as medidas antropométricas na infância com o LDL e colesterol total na adolescência, ou seja, observou-se que a maior adiposidade corporal da infância à adolescência está relacionada direta ou indiretamente à alteração do perfil lipídico. Logo, deve-se elucidar os precursores da dislipidemia desde a infância, para realizar intervenções de educação em saúde que atenuem suas consequências em idades mais avançadas, além de prevenir agravos para a saúde cardiovascular. |