Das Montanhas de Minas ao Oceano: Os Caminhos da Ciência para um Futuro Sustentável

20 a 25 de outubro de 2025

Trabalho 20582

ISSN 2237-9045
Instituição Universidade Federal de Viçosa
Nível Pós-graduação
Modalidade Pesquisa
Área de conhecimento Ciências Agrárias
Área temática Dimensões Ambientais: ODS15
Setor Departamento de Engenharia Florestal
Bolsa CAPES
Conclusão de bolsa Não
Apoio financeiro CAPES
Primeiro autor Vanessa Sousa da Silva
Orientador ALEXANDRE SIMOES LORENZON
Outros membros CIBELE HUMMEL DO AMARAL, ERNANI LOPES POSSATO, Fernanda Machado Ferreira
Título Percepção dos impactos socioambientais causados pelo rompimento da barragem de mineração em Brumadinho (MG) sob a ótica das comunidades tradicionais locais
Resumo O rompimento da barragem de rejeitos de minério de ferro em Brumadinho (MG), em 2019, desencadeou severos danos socioambientais, afetando diversas comunidades tradicionais ao longo da bacia do rio Paraopeba. Este estudo teve como objetivo identificar e analisar os principais danos percebidos por comunidades quilombolas, indígenas, povos de tradição religiosa de matriz africana (PCTRAMAs) e pescadores artesanais em seis municípios atingidos. Foram analisadas entrevistas disponibilizadas pelas Assessorias Técnicas Independentes (ATIs) AEDAS e INSEA. A metodologia baseou-se na análise de conteúdo (Bardin), incluindo pré-análise, constituição do corpus, codificação, categorização e interpretação, apoiada pelo software Voyant Tools para mapeamento de coocorrências e frequência de termos, permitindo uma leitura quali-quantitativa aprofundada. Nas comunidades quilombolas, os danos evidenciados concentram-se na contaminação da água, perdas produtivas na agricultura e pesca, comprometimento da autonomia alimentar e enfraquecimento das práticas culturais ligadas ao território, afetando diretamente identidade e modos de vida. Entre os povos indígenas (Naô Xohã), destacou-se a degradação do rio Paraopeba como elemento sagrado, essencial à espiritualidade, rituais e produção agrícola para o autoconsumo, resultando em forte sentimento de perda cultural, espiritual e de autonomia produtiva. Para os PCTRAMAs, a interrupção de práticas rituais e a perda do acesso ao rio e aos elementos naturais (plantas sagradas e água) configuraram não apenas danos materiais, mas um profundo processo de epistemicídio, ameaçando a continuidade das tradições religiosas e a transmissão de saberes ancestrais. Já os pescadores artesanais relataram impactos severos na renda, segurança alimentar e continuidade do ofício, com o rio simbolizando não só meio de subsistência, mas também herança cultural e pilar identitário coletivo. De modo transversal, todos os grupos apresentaram a água como eixo central, não apenas como recurso físico, mas como elemento simbólico e estruturante das relações socioecológicas. As análises demonstraram a relevância de integrar percepções locais, destacando a necessidade de abordagens participativas e interculturais no diagnóstico de danos e formulação de medidas reparatórias. Conclui-se que os danos vão além das dimensões dos meios físico e biótico, repercutindo na memória, na espiritualidade, na segurança alimentar e no pertencimento territorial, sendo assim importante que se implementem políticas de reparação que reconheçam a cosmovisão e o conhecimento ecológico tradicional. O estudo reafirma a importância de metodologias mistas e participativas como instrumentos de justiça socioambiental e de fortalecimento da autonomia das comunidades atingidas.
Palavras-chave Comunidades tradicionais, Danos socioambientais, Análise de conteúdo
Forma de apresentação..... Painel
Link para apresentação Painel
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