| Resumo |
As doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs), em especial a hipertensão arterial sistêmica (HAS), o diabetes mellitus tipo 2 (DM2) e a dislipidemia, são responsáveis por uma parcela significativa da morbimortalidade na população brasileira adulta. Indicadores de adiposidade, como o índice de massa corporal (IMC) e composição corporal também estão fortemente associados à ocorrência e severidade dessas doenças. Além disso, a presença dessas doenças pode levar a uma maior probabilidade de apresentar depressão, seja devido ao impacto psicossocial do diagnóstico, seja por mecanismos biológicos subjacentes. O objetivo deste trabalho é analisar a relação entre HAS, DM2 e dislipidemia com a presença de sintomas depressivos, bem como investigar a associação entre esses sintomas e indicadores de adiposidade em adultos atendidos pelo PROCARDIO-UFV. Trata-se de um estudo transversal, de dados coletados de prontuários de indivíduos atendidos no PROCARDIO-UFV entre março de 2012 a abril de 2024. O estudo foi aprovado pelo CEP (066/2012/CEPH/UFV). Mediante consulta em prontuário, foram coletados dados antropométricos, como perímetro da cintura (PC), perímetro do braço (PB), perímetro da panturrilha (PP), peso e altura para cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC) e clínicos - idade, sexo e sintomas depressivos, este obtido a partir da Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão. A normalidade dos dados foi verificada por meio dos testes de Kolmogorov-Smirnov ou Shapiro-Wilk, histogramas, boxplots, gráficos Q-Q, coeficientes de assimetria e curtose. Para as análises bivariadas, utilizou-se o teste do qui-quadrado (χ²) de Pearson para investigar associações entre variáveis categóricas. Para comparação de médias entre dois grupos independentes utilizou-se o teste t de Student para amostras independentes. As análises estatísticas foram realizadas no software SPSS, versão 26.0, adotando-se nível de significância de 5% (α = 0,05). Como resultados, a amostra era composta por 347 indivíduos, sendo a maioria do sexo feminino (56,5%; n=196), com média de idade de 43,9 ± 17,2 anos. A prevalência de dislipidemia foi de 42,4%, de 14,1% para HAS, de 7,8% para DM2 e de 18,7% para sintomas depressivos. Entre os indivíduos com HAS houve maior frequência de sintomas depressivos em comparação àqueles sem (23,5% vs. 14,8%, p=0,045). Não houve diferença estatística entre sintomas depressivos com DM2 e dislipidemia. Indivíduos com sintomas depressivos apresentaram médias significativamente maiores de IMC e PQ em comparação àqueles sem sintomas (IMC: 30,7 ± 6,0 vs. 28,2 ± 6,4 kg/m², p=0,005; PQ: 107,0 ± 12,1 vs. 103,6 ± 10,7 cm, p=0,031), respectivamente. Em conclusão, a amostra analisada apresentou elevada prevalência de dislipidemia, seguida por HAS e DM2. Além disso, os sintomas depressivos estão relacionados com HAS e também aos indicadores de adiposidade, mostrando a importância de uma abordagem multidisciplinar no tratamento das DCNTs. Apoio: CAPES (001), Fapemig e CNPq. |