| Resumo |
Introdução: As onicomicoses são infecções fúngicas crônicas das unhas e representam a alteração ungueal mais prevalente mundialmente. O principal agente etiológico são os fungos dermatófitos, que afetam principalmente os pés e são mais comuns em idosos, devido à menor vascularização e ao crescimento ungueal reduzido. Por consequência, o quadro também é frequente em pacientes com doenças crônicas que afetam a vascularização, como diabetes mellitus e insuficiência vascular periférica.Objetivo: Avaliar o uso do fosravuconazol (F-RVCZ) no tratamento das onicomicoses.Metodologia: Revisão de literatura sobre o manejo clínico das onicomicoses na base MedLine, em maio de 2025. Por se tratar de revisão sem envolvimento de humanos e/ou animais, não se aplica número de Comitê de Ética. Resultados: Os artigos analisados mostraram grandes desafios no tratamento, uma vez que os principais antifúngicos orais utilizados apresentam baixas taxas de cura — 38% com terbinafina e 14% com itraconazol. Terapias tópicas, indicadas em casos leves, também apresentam eficácia, porém limitada: 38% com amorolfina a 5% e 7% com ciclopirox a 8%. Além disso, efeitos adversos como hepatotoxicidade e interações medicamentosas, restringem o uso de antifúngicos orais em idosos, imunossuprimidos e pacientes em polimedicação — os principais acometidos por essa patologia. Nesse contexto, o F-RVCZ, medicamento utilizado no Japão desde 2018 e que vem mostrando excelentes resultados em comparação a outros antifúngicos triazólicos, surge como alternativa promissora, apresentando bom perfil de segurança e taxas de cura micológica superiores às dos triazólicos tradicionais — chegando a 88,2% no tratamento de idosos acometidos por onicomicoses. Sua baixa interação se justifica pelo fato de não interferir na depuração das enzimas CYP1A2, 2C8, 2C9, 2C19 e 2D6, tampouco nas atividades de transporte mediadas por P-gp, BCRP, OATP1B1 e OATP1B3. Todavia, trata-se de um inibidor moderado da enzima CYP3A, o que requer atenção na coadministração com fármacos metabolizados por essa via, como o midazolam, cuja concentração plasmática máxima aumentou em 2,38 vezes após o uso concomitante com o F-RVCZ.Conclusões: Portanto, percebe-se que o F-RVCZ se destaca como uma importante opção terapêutica para onicomicoses, especialmente em populações em uso de polimedicamentos. Após sua aprovação para comercialização no Brasil, pode contribuir significativamente para o tratamento seguro e eficaz das onicomicoses. Todavia, é necessário destacar que mais estudos são necessários para confirmar a eficácia e segurança dessa medicação de forma mais ampla. Destse modo, mais pesquisas sobre essa e outras medicações, juntamente com terapêuticas menos invasivas — por exemplo, a iontoforese, a laserterapia e a terapia fotodinâmica —, fazem-se necessárias. |