| Resumo |
A recuperação de áreas mineradas desempenha papel estratégico na mitigação das mudanças climáticas. Nesse contexto, compreender a distribuição diamétrica do estoque de carbono é fundamental para avaliar o desempenho estrutural dos plantios e seu potencial de estocagem na biomassa aérea. Este estudo teve como objetivo avaliar a distribuição diamétrica do carbono estocado na biomassa aérea de plantios de Anadenanthera peregrina estabelecidos em área pós-mineração de bauxita, após 14 anos de recuperação. O estudo foi realizado em uma área experimental pertencente à Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), no município de São Sebastião da Vargem Alegre, Minas Gerais. Como medidas de recuperação, foram realizadas a reconformação topográfica, a transposição do topsoil (retirado antes da mineração de bauxita), subsolagem e fertilização. Em 2011, foram instaladas 12 parcelas de 10 × 18 m, nas quais foi realizado o plantio homogêneo de A. peregrina, com espaçamento de 3 × 2 m entre as mudas. A equipe do Laboratório de Restauração Florestal (LARF) realizou a mensuração dos indivíduos. A biomassa acima do solo (BAS) foi estimada por meio de uma equação alométrica geral, utilizando o diâmetro à altura do peito (DAP, em cm), a altura total das árvores (H, em metros) e a densidade da madeira (ρ, em g·cm⁻³). Posteriormente, a BAS foi multiplicada por um fator de conversão de 0,47 para estimar o estoque de carbono acima do solo. As classes de DAP foram estabelecidas com amplitude de 5 cm, variando de 3 a 38 cm. Como resultado, o estoque de carbono acima do solo estimado nas parcelas foi de 177,39 Mg ha⁻¹. A análise da distribuição do estoque de carbono por classes diamétricas indicou que os maiores estoques foram encontrados nas faixas de 18 |— 23 cm e 23 |— 28 cm, com valores de 46,8 e 46,6 Mg ha⁻¹, respectivamente. Embora a classe inicial de 3 |— 8 cm tenha registrado o maior número de fustes (87), sua contribuição para o estoque total foi baixa, correspondendo a apenas 2,23 Mg ha⁻¹. Em contrapartida, a classe 33 |— 38 cm, embora representada por apenas 7 fustes, concentrou 14,8 Mg ha⁻¹ de carbono. As análises indicam a formação de uma heterogeneidade estrutural significativa, mesmo em plantios homogêneos. A. peregrina destacou-se como espécie-chave no acúmulo de biomassa e carbono, apresentando estoques expressivos para áreas em recuperação na Mata Atlântica. Esses resultados demonstram a efetividade das ações de recuperação ambiental adotadas pela empresa mineradora e contribuem para a sustentabilidade da mineração de bauxita. |