| Resumo |
Candida maltosa UFV-1 é uma levedura oleaginosa que demonstra grande potencial biotecnológico, pois tolera o ácido acético, que é o principal inibidor presente em hidrolisados lignocelulósicos, e acumula lipídios e biomassa na na presença desse ácido, quando cultivada com xilose como fonte de carbono. Além disso, tolera outros inibidores presentes em hidrolisados lignocelulósicos (furfural, HMF e ácido fórmico). A capacidade de assimilar xilose e tolerar inibidores lignocelulósicos a torna promissora para processos fermentativos utilizando meios de cultura de baixo custo, especialmente aqueles baseados em biomassas lignocelulósicas, como o bagaço de malte. Devido ao pré-tratamento ácido realizado nas biomassas lignocelulósicas os hidrolisados podem apresentar baixo pH. Além disso, em bioprocessos em que a sacarificação e a fermentação ocorrem simultaneamente é requerido altas temperaturas, sendo interessante que o microrganismo utilizado tolere temperaturas elevadas. Neste contexto, o objetivo deste trabalho foi caracterizar o crescimento de C. maltosa UFV-1 em diferentes temperaturas e valores pH, visando a sua aplicação em bioprocessos utilizando hidrolisados lignocelulósicos. Para a realização dos experimentos, o pré-inóculo de C. maltosa UFV-1 foi realizado em meio YPD (extrato de levedura 2% (m/v), peptona 2% (m/v) e D-glicose 2% (m/v). Os cultivos foram realizados em microplacas de 96 poços, com volume final de 200μL em leitor de microplaca com leitura de DO 600nm. Para os cultivos em diferentes valores de pH (2,0; 3,0; 3,5 e 4,0), foi utilizado como meio de cultura hidrolisado de bagaço de malte detoxificado, suplementado com diferentes fontes de nitrogênio (extrato de levedura 1 g/L, peptona 1 g/L e extrato de levedura 0,5 g/L + peptona 0,5 g/L). O pH foi ajustado com HCl (5M), a temperatura foi fixada em 30 ºC e a leitura foi realizada após 72 h de cultivo. Para os ensaios em diferentes temperaturas (20 °C, 25 °C, 30 °C, 31 °C, 35 °C e 40 °C) foi utilizado meio YPD (pH 6,0). As leituras de DO600nm foram realizadas a cada 1 h por 72 h para determinação da velocidade específica de crescimento específico (μ). C. maltosa UFV-1 cresceu em todos os valores de pH avaliados. Para o pH 3,5 e 4,0 a levedura cresceu no meio suplementado com todas as fontes de nitrogênio, no entanto, para o pH 3,0 houve crescimento somente no hidrolisado suplementado com extrato de levedura, enquanto que para o pH 2,0, apenas no tratamento com suplementação de extrato de levedura + peptona. C. maltosa UFV-1 apresentou crescimento até 35 °C, sendo que o μ observado a 31 ºC foi de 0,2465 ± 0,032. Os resultados apresentados confirmam o potencial de aplicação biotecnológica da C. maltosa UFV-1 em bioprocessos utilizando hidrolisados lignocelulósicos. Além disso, a levedura apresentou μ elevada na temperatura de 31 °C. |