| Resumo |
Introdução e Objetivo: O envelhecimento é um processo natural caracterizado por um conjunto de alterações biológicas e sociais que podem impactar em diversos aspectos na vida da pessoa idosa. A perspectiva atual aponta para um aumento da população idosa, aumentando também a necessidade de atenção à saúde da pessoa idosa, visando a autonomia e qualidade de vida. O objetivo deste estudo foi analisar a prevalência de baixa ingestão proteica em idosos brasileiros e identificar seus fatores associados, com foco em variáveis sociodemográficas, comportamentais e de saúde. Métodos : Trata-se de um estudo transversal com 5.459 indivíduos com 60 anos ou mais de idade, participantes do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (ELSA-Brasil), uma investigação de coorte multicêntrica. Dados sobre ingestão de proteínas foram obtidos por questionário de frequência de consumo alimentar, considerando como baixa ingestão proteica quando o consumo foi <1,0 g/Kg/dia. Foi utilizado o teste quadrado de Pearson para avaliar os fatores associados à baixa ingestão de proteínas. As variáveis que apresentaram associação com o desfecho na análise bivariada, com um valor-p < 0,20 foram selecionadas para a análise de regressão logística múltipla. O nível de atividade física no lazer foi obtido através do questionário internacional de atividade física (IPAQ), e a classificação do IMC proposto pela Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) foi utilizada: baixo peso; <23 kg/m2, eutrofia; 23-28 kg/m2 e excesso de peso >28 kg/m2).Resultados e Discussão: A prevalência de baixa ingestão proteica foi de 15,8%. A análise bivariada mostrou maior prevalência de baixa ingestão entre mulheres, separados ou divorciados, indivíduos com ensino superior completo, aqueles classificados com atividade física leve no lazer, hipertensos e indivíduos com excesso de peso. Entretanto, na análise de regressão múltipla, apenas o excesso de peso manteve-se independentemente associado à baixa ingestão proteica (OR: 2,24; IC95% 1,89–2,64). Essa relação pode refletir um ciclo vicioso entre ganho de gordura e perda de massa muscular, característico da obesidade sarcopênica, que compromete a funcionalidade física e a qualidade de vida da pessoa idosa. No envelhecimento pode ocorrer redução da massa muscular, força, dificuldade na deglutição e mastigação. Essas mudanças podem favorecer a perda de massa corporal e a obesidade. Conclusão: A baixa ingestão de proteínas mostrou-se associada ao excesso de peso em pessoas idosas, destacando a necessidade de intervenções para garantir aporte proteico adequado, minimizando desfechos como a obesidade sarcopênica. Estudos longitudinais são necessários para aprofundar o entendimento dessas associações e embasar políticas públicas voltadas à saúde da população idosa. |