| Resumo |
A demanda por alternativas sustentáveis tem incentivado o uso de microrganismos na conversão de subprodutos industriais em compostos de interesse industrial, como os lipídios. As leveduras oleaginosas se destacam pela capacidade de acumular lipídios e pela flexibilidade metabólica. Rhodotorula toruloides é uma levedura oleaginosa que se destaca pela elevada capacidade de acumular lipídios em diferentes fontes de carbono, como glicerol e xilose, provenientes de subprodutos das indústrias de biodiesel e agrícola, respectivamente. Este trabalho objetivou avaliar a produção lipídica de linhagens de R. toruloides cultivadas em meios formulados à base desses subprodutos. Foram avaliadas as linhagens UFMG-CM-Y719, UFMG-CM-Y2882, UFMG-CM-Y2896, UFMG-CM-Y7241, provenientes do Laboratório de Taxonomia, Biodiversidade e Biotecnologia de Fungos da Universidade Federal de Minas Gerais, devido ao melhor crescimento em xilose e glicerol. Para a extração lipídica, 20 mg de biomassa liofilizada de leveduras cultivadas nos meios YNB [0,67% (m/v)] acrescidos de xilose ou glicerol [2,0% (m/v)] e SS2 100:1 C:N [% (m/v): 0,5 (NH₄)₂SO₄, 0,05 MgSO4, 0,01 NaCl, 0,01 CaCl2, 0,1 extrato de levedura] e xilose ou glicerol [3,0% (m/v)] foram homogeneizadas com 1 mL de metanol:clorofórmio (2:1, v/v) por 5 min em TissueLyser. A mistura foi centrifugada a 10.000 g por 10 min, repetindo o processo por três vezes. Os sobrenadantes foram coletados em tubos de vidro e adicionados de 3 mL de clorofórmio. Após homogeneização, 2 mL de solução salina a 1% (p/v) foi adicionada e a mistura foi centrifugada a 3000 g/20 min para separação das fases. A fase inferior, rica em lipídios, foi transferida para microtubos previamente pesados, evaporada em banho seco a 60 °C por 24 horas, e o teor lipídico determinado por gravimetria. No meio SS2 suplementado com xilose, as linhagens UFMG-CM-Y2896 e UFMG-CM-Y7241 apresentaram teores lipídicos de 23,2% e 34,9%, respectivamente. Em meio YNB com xilose, essas mesmas linhagens registraram teores de 20,6% e 20,5%. Já no meio SS2 com glicerol, os teores lipídicos foram de 14,4% para a linhagem UFMG-CM-Y719, 20,3% para UFMG-CM-Y2882 e 16,9% para UFMG-CM-Y2896. Em meio YNB com glicerol, os valores foram inferiores: 9,7% (Y719), 12,0% (Y2882) e 13,1% (Y2896). Os resultados indicam que o meio SS2, tanto com xilose quanto com glicerol, foi mais eficiente no acúmulo lipídico, em comparação ao meio YNB. Dentre as fontes de carbono, os teores lipídicos mais elevados foram alcançados na presença de xilose, com destaque para a linhagem UFMG-CM-Y7241, mostrando o seu potencial para a produção de lipídios em hidrolisados hemicelulósicos. |