| Resumo |
Os fragmentos florestais, mesmo frequentemente ameaçados por pressões externas, desempenham papel crucial no fornecimento de serviços ecossistêmicos e na conservação da biodiversidade. Dentre os inúmeros processos com que estas áreas contribuem, um deles é o fornecimento de frutos como recurso alimentar à fauna, a qual atua em conjunto com a flora, dispersando suas sementes promovendo a sucessão ecológica e regeneração natural. Compreender esta interação é essencial para embasar estratégias de recuperação, manejo e conservação da biodiversidade. O presente estudo buscou avaliar a composição de espécies arbóreas com frutos consumidos pela fauna em um fragmento de vegetação secundária de Floresta Estacional Semidecidual em Viçosa, MG. Para a análise, foram distribuídas e inventariadas dez parcelas de 20 x 50m, onde foram identificados os indivíduos com diâmetro a 1,30 do solo (DAP) ≥5cm. Para inferir o consumo dos frutos pelos animais, as espécies foram classificadas com base na síndrome de dispersão de diásporos (autocóricas, anemocóricas e zoocóricas) que foi obtida por meio de consulta em literatura especializada. No total, foram registrados 1.352 indivíduos, onde 6 (0,4%) deles se dispersam por autocoria, 367 (27,1%) por anemocoria e 979 (72,4%) por zoocoria. Dentro do grupo das zoocóricas, foi verificada a ocorrência de 115 espécies vegetais, pertencentes a 40 famílias. Lauraceae foi a família com maior riqueza (17 espécies), seguida por Myrtaceae (11) e, Meliaceae e Rubiaceae (8). Siparunaceae registrou a espécie com maior abundância, Siparuna guianensis (253 indivíduos), seguida por Aparisthmium cordatum (64) e Casearia ulmifolia (45) pertencentes às famílias Euphorbiaceae e Salicaceae respectivamente . Os resultados revelam uma elevada riqueza e abundância de espécies zoocóricas ocorrendo na área, o que é indicativo de níveis mais elevados de sucessão ecológica. A maior dominância expressa por Siparuna guianensis sugere que ela possua um mecanismo específico em sua reprodução que a faça ser tão presente na floresta, ou mesmo, que ela seja consumida e dispersa com sucesso por uma maior quantidade e diversidade de animais. Tais resultados evidenciam a relevância da atuação existente entre fauna e flora na recuperação e manutenção do fragmento florestal, e a importância deste como meio para conservação da biodiversidade local. |