| Resumo |
O ingresso na universidade é um momento de transição, marcado por intensas mudanças que podem impactar direta ou indiretamente comportamentos, como o consumo alimentar. A rotina acadêmica estressante e a autonomia dos universitários podem favorecer a ingestão alimentar inadequada. Além disso, praticantes de musculação tendem a adotar padrões alimentares específicos ligados à estética e ao desempenho físico, o que pode comprometer a saúde. Este estudo teve como objetivo avaliar, segundo o sexo, o consumo alimentar de universitários praticantes de musculação no município de Viçosa, MG, considerando o local das refeições, a ingestão calórica e de macro/micronutrientes. Participaram estudantes de ambos os sexos, praticantes de musculação há pelo menos seis meses, com frequência mínima de três vezes por semana. Para coleta, aplicou-se, via Google Meet, o Recordatório 24h (R24h), instrumento validado para estimar a ingestão alimentar do dia anterior, com apoio do álbum de quantificação alimentar. Os dados foram tabulados no Excel e analisados por estatística descritiva. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade Federal de Viçosa (UFV) (protocolo 4.278.376). A amostra foi composta por 21 participantes, sendo 57,14% do sexo feminino (n=12), com idade média de 22,4 ± 2,64 anos entre mulheres e 24,2 ± 2,54 anos entre homens. O café da manhã foi majoritariamente realizado em casa (83,33% mulheres; 100% homens), enquanto o lanche da manhã foi omitido por 58,33% das mulheres e 55,56% dos homens. O almoço ocorreu, preferencialmente, no restaurante universitário da UFV entre os homens (55,56%) e em casa entre as mulheres (41,67%). O jantar foi consumido predominantemente em casa (75% mulheres; 77,78% homens). A ceia foi uma das refeições mais frequentemente omitidas, especialmente entre as mulheres, com taxas de omissão em torno de 75,00%. O consumo energético médio foi de 1.510 kcal ± 524,42 para mulheres e 2.837 kcal ± 468,09 para homens. Em relação aos macronutrientes, os homens apresentaram maiores médias de consumo: 368 g ± 59,42 g de carboidratos, 165 g ± 33,27 de proteínas, 86 g ± 21,76 de lipídios e 33 g ± 13,80 de fibras; entre as mulheres, os valores foram 173 g ± 61,41, 80 g ± 28,09, 53 g ± 25,75 e 17 g ± 8,14, respectivamente. Quanto aos micronutrientes, os homens consumiram, em média, 21,2 mg ± 6,16 de ferro, 815 mg ± 316,89 de cálcio e 13,4 mg ± 4,20 de zinco, enquanto as mulheres ingeriram 9,4 mg ± 3,54, 608 mg ± 411,77 e 7,6 mg ± 2,74, respectivamente. Para 67% dos participantes, o R24h refletiu o padrão alimentar habitual. Os achados indicam maior ingestão energética e de nutrientes entre homens, com possível adequação dos micronutrientes de acordo com a Necessidade Média Estimada (EAR). Entre as mulheres, apenas o cálcio ficou abaixo da EAR, sugerindo possível inadequação. Os padrões de refeição e omissões alimentares refletem hábitos do grupo e apontam a necessidade de estratégias nutricionais específicas. |