| Resumo |
A Inteligência Artificial Generativa (IAG) se insere no campo da ciência da computação e no contexto educacional tem sido utilizada como recurso pedagógico, por sua capacidade de criar novos conteúdos — como produções escritas, visuais e multimodais (texto, imagem, áudio e vídeo, etc.) — baseando-se em padrões de grandes volumes de dados e visando simular a criação humana. Este trabalho analisa o uso da IAG como recurso pedagógico na produção cultural e educacional, a partir da elaboração do livro digital A Lenda do Guaraná: Vozes Indígenas em Versos de Cordel, desenvolvido na disciplina Tecnologias na Educação do curso de Pedagogia da Universidade Federal de Viçosa. O estudo está associado a dois projetos de Iniciação Científica: Integração e exploração crítica de ferramentas de IA no ensino: mapeamento, estratégias didáticas e análise de seus efeitos na prática educativa universitária (Fapemig 2025/2026 - CEP parecer n. 7.283.425), e Chatbots na Educação: explorando os discursos midiáticos sobre os usos da Inteligência artificial e seus produtos nos processos educacionais (CNPq 2024/2025), que buscam investigar discursos e potencialidades do uso da IAG nos processos educativos universitários. Conforme Santos (2023), a IA favorece práticas inovadoras e colaborativas, mas exige postura crítica e ética dos educadores, em consonância com uma educação humanizadora. A metodologia baseou-se em relato de experiência acadêmica, em que estudantes utilizaram a IAG para explorar e produzir materiais paradidáticos, avaliando suas contribuições e limitações, com destaque para as representações culturais e a mediação docente. Os resultados dessa atividade e análise de seu processo de produção apontam que as IAG contribuem para a diversificação dos materiais pedagógicos, promovendo o letramento digital — compreendido como a habilidade de interpretar, produzir e interagir com linguagens digitais (Ogunleye et al., 2024) — e ampliando o uso de linguagens multimodais no ensino, favorecendo uma comunicação acessível (Wang; Zainuddin; Leng, 2025). Contudo, durante a criação do cordel com o uso de IAGs houve limitações nas ilustrações e nos textos gerados, que nem sempre representaram adequadamente as realidades socioculturais, evidenciando a necessidade de uma mediação humana crítica. A integração do cordel com a temática indígena mostrou-se uma escolha pedagógica potente, alinhada à concepção freireana da educação como prática ética, estética e política (Freire, 1993). Frente à homogeneização promovida por algoritmos pouco sensíveis à diversidade, a valorização da oralidade, dos saberes populares e das identidades culturais torna-se ato de resistência. Considera-se que as IAGs, apesar das potencialidades, não substituem a ação docente, mas podem ser uma aliada se usada com ética. Isso reforça a importância da formação contínua para o uso crítico e criativo dessas tecnologias, valorizando o papel do educador na construção de uma educação justa e libertadora. |