| Resumo |
Introdução: A gestação provoca mudanças significativas no organismo da mulher para atender às demandas do feto, incluindo alterações hematológicas, como o aumento do volume plasmático e de hemácias. Apesar de fisiológicas, essas alterações podem favorecer comorbidades, como as hemoglobinopatias, doenças genéticas da hemoglobina. O pré-natal é essencial para o diagnóstico precoce dessas condições, garantindo melhor saúde materno-fetal. Diante disso, este estudo visa contribuir para o manejo adequado das gestantes com hemoglobinopatias no contexto do SUS. Objetivos: Investigar a prevalência de gestantes com hemoglobinopatias atendidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em uma unidade de referência para gestação de alto risco na Zona da Mata Mineira. Metodologia: Trata-se de um estudo transversal, descritivo-exploratório, de natureza quantitativa. O estudo foi desenvolvido na cidade de Viçosa, Minas Gerais, com 202 gestantes atendidas no Centro de Atenção Especializada (CEAE), que realizaram acompanhamento pré-natal pelo SUS. A coleta de dados foi feita por meio da análise de prontuários, buscando identificar casos de hemoglobinopatias e investigar condições clínicas no período pré e pós-gestacional. A abordagem dos dados permitiu uma análise descritiva, visando compreender a prevalência e qualificar a assistência pré-natal. Resultados: A análise das condições clínicas pré-gestacionais revelou uma diversidade de comorbidades entre as gestantes atendidas pelo serviço de saúde. A condição de maior prevalência foi a hipertensão arterial crônica, identificada em 22,8% dos casos, seguida pelas endocrinopatias (11,9%) e pelos transtornos mentais (10,9%). No que se refere ao objeto deste estudo, as doenças hematológicas apresentaram uma prevalência de 3,5%, seguidas pelo tromboembolismo e pelas pneumopatias graves, ambas com 3%. No que diz respeito às condições clínicas desenvolvidas ao longo da gestação, observou-se maior ocorrência de doenças infecciosas (23,3%) das gestantes, seguidas pelo Diabetes Mellitus (21,8%). A anemia grave ou refratária ao tratamento, condição que pode estar relacionada às hemoglobinopatias, foi identificada em 1,5% das gestantes, mesmo percentual observado para trabalho de parto prematuro e diagnóstico de câncer. Conclusão: A presença de doenças hematológicas em 3,5% das gestantes e de anemia grave em 1,5% durante a gestação aponta para a relevância das hemoglobinopatias no contexto obstétrico. Apesar de sua baixa prevalência aparente, trata-se de condições que podem estar subdiagnosticadas e que exigem rastreamento precoce e acompanhamento especializado. O fortalecimento das estratégias de detecção e manejo no pré-natal é essencial para promover a segurança materno-fetal e qualificar a assistência prestada pelo SUS. |