| Resumo |
Os sistemas agrícolas de culturas anuais na Zona da Mata Mineira, região de relevo acidentado, frequentemente utilizam o plantio convencional e sucessões com baixo aporte de resíduos vegetais. A ausência de cobertura vegetal e o reduzido teor de matéria orgânica, decorrentes dessas práticas, contribuem para a degradação do solo. Neste contexto, este estudo teve como objetivo avaliar o impacto do plantio direto (PD), associado a diferentes rotações e sucessões de culturas, sobre os compartimentos lábeis de carbono do solo, visando estratégias de manejo que promovam a recuperação da qualidade do solo. O experimento foi instalado em 2022, na Unidade de Ensino, Pesquisa e Extensão Horta Nova, vinculada ao Departamento de Agronomia da Universidade Federal de Viçosa, em delineamento de blocos casualizados (DBC), com seis tratamentos e três repetições. Os tratamentos foram compostos por três sistemas de sucessão de culturas, envolvendo milho para silagem (com e sem consórcio com braquiária) e milho para grão na safra, seguidos de feijão na safrinha; e três sistemas de rotação de culturas incluindo milho grão, milho silagem e feijão como culturas comerciais, além da inserção de plantas de cobertura como braquiária, crotalária e um mix de espécies. Todos os sistemas foram conduzidos sob PD. Em 2024, amostras de solo foram coletadas nas profundidades de 0–5, 5–10 e 10–20 cm, para análise de carbono orgânico do solo (COS), carbono oxidável por permanganato (C-per) e carbono extraído em água quente (C-aq). Os dados foram submetidos à ANOVA e os resultados significativos seguiram para o teste de médias LSD a 5% de probabilidade. Após dois anos do início do experimento, os teores de COS não apresentaram diferenças significativas entre os sistemas de sucessão e rotação de culturas em nenhuma das profundidades avaliadas. No entanto, houve efeito significativo da profundidade, com maior acúmulo na camada de 0–5 cm. Por outro lado, os sistemas de manejo influenciaram as frações lábeis do carbono, especialmente na camada superficial, onde se observou maior acúmulo de C-per e C-aq nos tratamentos com maior aporte e diversidade de culturas e uso de plantas de cobertura, como no T6 (rotação com uso mix de espécies de cobertura). Os resultados indicam que práticas conservacionistas, mesmo em um período relativamente curto, favorecem o acúmulo de frações lábeis de carbono, relacionadas à melhoria da qualidade biológica do solo. No entanto, o curto período experimental pode ter limitado a detecção de alterações expressivas no teor de COS, cuja dinâmica é mais lenta. Recomenda-se, portanto, para as condições da Zona da Mata mineira, a adoção de práticas conservacionistas baseadas na rotação de culturas com elevado aporte de resíduos e diversidade vegetal, visando à melhoria da saúde do solo. Além disso, destaca-se a importância da continuidade do experimento para que, a médio prazo, seja possível detectar possíveis alterações nos teores de COS. |