| Resumo |
A cafeicultura desempenhou papel central na consolidação do modelo agroexportador no Brasil, resultando em um processo histórico de exclusão, marcado pela superexploração da força de trabalho e por relações sociais conflituosas, deixando marcas profundas nas formas contemporâneas de organização laboral no campo. A presente pesquisa tem como objetivo analisar as condições de trabalho nas lavouras de café no município de Coimbra-MG, identificando os atravessamentos sociais que configuram a informalidade nesse contexto. Busca-se compreender como essas relações se expressam cotidianamente na experiência dos trabalhadores, sobretudo em relação à ausência de direitos, precarização e ausência da proteção social. Trata-se de uma pesquisa de abordagem qualitativa, de natureza descritiva, que se desenvolverá por meio do estudo de caso e da realização de entrevistas semiestruturadas com usuários da Política de Assistência Social referenciados no CRAS do município, selecionados por amostragem do tipo “Bola de Neve”. A coleta de dados será precedida de análise bibliográfica e contará com o registro gravado e autorizado das falas dos participantes, que serão analisadas segundo a técnica da análise de conteúdo. A pesquisa está fundamentada teoricamente nas contribuições de autores que abordam o trabalho como categoria ontológica e histórica, revelando os efeitos da crise estrutural do capital e do modelo de desenvolvimento dependente sobre as formas de inserção no mundo do trabalho. Assim, espera-se que a presente pesquisa contribua para a ampliação do conhecimento sobre as condições de informalidade do trabalho rural no município, identificando, a partir da escuta dos(as) trabalhadores(as) e da análise crítica dessas relações, as formas de superexploração presentes e seus impactos sobre a proteção social e os direitos sociais, pretendendo que os resultados obtidos permitam não apenas a produção de conhecimento acadêmico em Serviço Social, mas que também sirva de base para a construção de estratégias voltadas à garantia de direitos e à visibilidade das desigualdades estruturais que afetam os(as) trabalhadores(as) do campo. Além disso, o estudo poderá oferecer subsídios empíricos e teóricos para a formulação e o aprimoramento de políticas públicas voltadas ao trabalho rural, tendo como desfecho esperado, ao articular reflexão crítica, a produção de conhecimento e ação interventiva, para o enfrentamento da precarização e promoção do fortalecimento da cidadania de trabalhadores(as) da cafeicultura. |