| Resumo |
O presente estudo, propõe investigar as relações entre corpo, subjetividade e poder a partir das concepções de Michel Foucault, associadas às práticas de dança e educação somática. Fundamentado nos conceitos de disciplina e cuidado de si, busca compreender como as práticas somáticas e de dança podem contribuir para a ressignificação do corpo e para a construção de novas subjetividades. Parte da compreensão do corpo como soma: sujeito vivo, sensível e experiencial; e propõe a dança como prática existencial capaz de romper com os modos normativos que domesticam os gestos e esvaziam as expressões. A pesquisa foi desenvolvida com mulheres entre 56 e 67 anos atendidas pela Estratégia de Saúde da Família (ESF) do bairro Fátima, na cidade de Viçosa-MG, utilizando abordagem qualitativa de caráter exploratório e descritivo. O projeto envolveu a aplicação de questionários diagnósticos e diários de bordo para análise das interações dos participantes com as práticas corporais. Os resultados apontam o grupo participante como distante de sua própria relação com o corpo, porém com potencialidades para redescobrimento de si. Embora as práticas tenham sido reconhecidas como significativas, a falta de continuidade impediu mudanças profundas e sustentadas. Reforça-se a importância de políticas públicas que incorporem práticas corporais no campo da saúde e da educação de forma permanente, e propõe que a dança, aliada à somática, seja compreendida como capaz de ativar subjetividades críticas, éticas e criativas. O soma, como sujeito vivo e experiencial, reafirma a necessidade de um retorno à escuta interna, abrindo caminho para a possibilidade de corpos conscientes, sensíveis e críticos, capazes de se afetar e de afetar o mundo. A cultura de si converge para a valorização da experiência do corpo como campo de resistência e reinvenção subjetiva. A dança, como linguagem do corpo que pensa, sente e age, aparece aqui como expressão artística, prática política e existencial, convocando o sujeito a se responsabilizar por sua própria saúde física, emocional, ética e existencial. Neste horizonte, corpo e subjetividade deixam de ser objetos a serem moldados por forças externas e passam a constituir território de escuta, de elaboração e de resistência. |