| Resumo |
Os estudos e pesquisas sobre as relações étnico-raciais têm crescido nos últimos anos, entretanto observa-se que poucos abordam a percepção da criança na fase de Educação Infantil. Por este motivo, este projeto de pesquisa teve como objetivo investigar as representações sobre as relações étnico-raciais de crianças de 5 anos de idade que frequentam o Laboratório de Desenvolvimento Humano (LDH), vinculado ao Departamento de Educação Infantil da Universidade Federal de Viçosa. A motivação para a realização deste estudo foi a possibilidade de contribuir com a reflexão acerca do trabalho docente e a educação antirracista desenvolvido com as crianças da Educação Infantil, bem como dos próprios núcleos familiar e social que as envolvem. Os objetivos específicos incluíram: produzir e analisar os dados com instrumento baseado no Método Clínico, sobre as representações das relações étnico-raciais que crianças de 5 anos possuem; identificar e analisar as representações que as crianças possuem sobre as relações entre pessoas brancas e pessoas negras; identificar como as crianças reconhecem a si mesmas. Para a produção e análise dos dados, foram aplicadas entrevistas com as crianças, utilizando o Método Clínico Piagetiano, com o intuito de investigar as representações sobre a temática discutida. Delval (2002) menciona cinco tipos de respostas segundo a Teoria Piagetiana: espontâneas, desencadeadas, sugeridas, fabuladas e não-importistas. A análise das falas evidenciou que, mesmo com cinco anos, as crianças já possuem percepções sobre raça e convivem com situações que as fazem refletir sobre o tema. Muitas delas apresentaram dificuldades em se autodeclarar, mas demonstraram reconhecimento por meio da identificação de tons de pele e características físicas. As aparências fenotípicas foram frequentemente utilizadas como marcadores nas relações sociais. As crianças também apresentaram propostas inclusivas diante de situações de exclusão, o que demonstra o potencial da escola como espaço de escuta e construção de valores. Por outro lado, também foi possível perceber que a branquitude continua sendo o parâmetro de normalidade, revelando a força dos estereótipos sociais internalizados desde a infância. |