| Resumo |
O presente trabalho aborda um relato de experiência da oficina “Desmistificando a ciência!”, realizada por membros da Linha de Pesquisa 4 - “Universidade das Crianças”, do Grupo de Estudos e Pesquisas em Políticas Públicas e Formação de Profissionais da Educação (GEPPFOR), vinculado à Universidade Federal de Viçosa (UFV), Campus Viçosa. Composto por profissionais da educação básica e superior, o grupo atua em diferentes regiões do país, com o objetivo de aproximar a universidade da comunidade. A Universidade das Crianças, nesse contexto, realiza oficinas temáticas voltadas à alfabetização científica e à horizontalização das relações entre Educação Básica e Ensino Superior. A oficina descrita foi desenvolvida com duas turmas do 3º ano do Ensino Fundamental da Escola Estadual Effie Rolfs, em Viçosa-MG, e teve como objetivo desconstruir os conceitos estereotipados de “ciência” e “cientista”, muito presentes na formação inicial das crianças. É comum que a imagem do cientista seja associada a um homem branco, idoso, genial e solitário, geralmente representado em laboratórios com jaleco, tubos de ensaio e experiências revolucionárias. Segundo Massarani (2002), esse imaginário, reforçado principalmente pelos meios de comunicação, contribui para o distanciamento da ciência em relação à população, dificultando sua apropriação como prática cultural acessível. Pereira (2011) reforça que a escola tem papel central na manutenção ou ruptura desses estereótipos e deve promover experiências que ampliem o repertório dos estudantes. A oficina foi dividida em dois momentos: um teórico e outro prático. Inicialmente, houve uma conversa com as crianças para investigar suas concepções sobre ciência e cientistas. Em seguida, foi solicitado que desenhassem como imaginavam um cientista. Após quinze minutos, cada criança apresentou seu desenho à turma, revelando imagens de laboratórios, Albert Einstein, jalecos e tecnologias. Na sequência, foi promovido um novo diálogo, trazendo a ciência como busca do conhecimento em diferentes contextos e o cientista como especialista em alguma área, como um agrônomo, um cozinheiro ou um pedreiro. Com base nessa nova perspectiva, os alunos elaboraram novos desenhos, agora com representações mais diversas: produtores rurais, trabalhadores da construção civil, profissionais da tecnologia e, com destaque, a inclusão de figuras femininas. Menezes (2004) ressalta que romper com a imagem elitizada da ciência é essencial para que os estudantes se reconheçam como sujeitos do conhecimento. A comparação entre os desenhos revelou uma mudança significativa na percepção das crianças, evidenciando que os objetivos da oficina foram alcançados, ao promover a desconstrução da imagem estereotipada do cientista e ampliar a compreensão da ciência como prática plural, acessível e presente no cotidiano. |